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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, julho 19, 2013

'Não neguem a política', diz Lula em recado a manifestantes e estudantes





O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou uma palestra sobre política internacional na Universidade Federal do ABC, em São Bernardo do Campo, para mandar um recado aos manifestantes que ocuparam as ruas do país em junho: "não neguem a política".
Diante de uma plateia majoritariamente composta por estudantes, Lula falou em tom descontraído e chegou a usar palavrões.
"Quando vocês estiverem putos da vida, mas puto, 'não gosto do Lula, não gosto da [presidente] Dilma [Rousseff], não gosto do Marinho [Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo do Campo]', ainda assim, não neguem a política", disse Lula.

Jorge Araujo/Folhapress
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante conferência na universidade do ABC
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante conferência na universidade do ABC
"E muito menos neguem os partidos. Vocês podem fazer outros. Em vez de negar a política, entre você na política. É dentro de cada um de vocês que está o político perfeito que vocês querem", finalizou.
O ex-presidente foi aplaudido em diversos pontos do discurso. Por diversas vezes, mencionou as manifestações. Lula disse, por exemplo, que enquanto a Europa protesta para não perder direitos adquiridos, o Brasil protesta para "conquistar mais".
Ele reafirmou seu legado, disse que os brasileiros passaram a ter acesso a bens como carros e viagens. "É claro que vai ter problema de transporte. O sujeito compra o carro e não consegue andar dez metros. 'Puta que pariu, vou protestar contra esse prefeito', ilustrou o ex-presidente.
"Em vez de achar ruim o protesto, [vamos dizer] viva o protesto. De protesto em protesto a gente vai consertando o telhado", afirmou.
O ex-presidente falou muito sobre a condução da política externa no seu governo. Ele também falou sobre a crise internacional atual e criticou a postura da chanceler alemã, Angela Merkel. "A Angela Merkel conseguiu fazer com a Europa o que duas guerras não fizeram", disse.
No final do encontro, Lula pediu a palavra para desmentir que esteja com metástase, como foi disseminado em boatos espalhados por redes sociais. Garantiu que jamais mentiria às pessoas se a situação de sua saúde de agravasse.
Questionado se havia possibilidade de ser candidato, Lula respondeu: "Eu elimino [essa possibilidade]. Eu tenho candidata à presidência da república. As pessoas sabem que não adianta bater na minha porta, a presidente Dilma é uma excelente presidente e uma excelente candidata.
*carlosmaia

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