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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 22, 2014

    Deputada é atacada no Congresso - Assista ao vídeo e confira

Por Rogério Tomaz Jr., no blog Conexão Brasília-Maranhão:

Um fato inédito e inusitado na história do Congresso Nacional ocorreu nesta terça-feira, 20 de maio de 2014. Enquanto fazia um discurso de protesto contra o encerramento abrupto de sessão solene em homenagem aos 90 anos da Coluna Prestes, a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) foi atacada pelo secretário-geral da Câmara, Mozart Vianna, que se dirigiu com o dedo em riste contra a parlamentar para negar a responsabilidade da Secretaria-Geral pelo episódio que gerou a reclamação dela.

O comportamento agressivo do funcionário da Câmara é chocante até mesmo para os padrões ultramachistas do Parlamento brasileiro. Assista ao vídeo e confira:



Nunca é demais lembrar que o Brasil fica atrás de mais de CEM países no ranking da participação de mulheres no poder Legislativo nacional.

Em janeiro de 2012, estávamos situados exatamente na posição 116, MUITO ATRÁS de Ruanda (#1), Cuba (#3), África do Sul (#7), Argentina (#17), Tanzânia (#18, junto com Espanha), Uganda (#19), Afeganistão (#34), Sudão do Sul (#36), Bolívia (#37), Iraque (#38), Vietnã (#43), Quirguistão (#48), Paquistão (#52), Uzbequistão (#52), Cazaquistão (#74), Emirados Árabes Unidos (#75), Vemezuela (#77), Albânia (#82), Coreia do Norte (#83), Gabão (#88) e muitos outros. O ranking completo de 2012 está aqui: http://www.ipu.org/pdf/publications/wmnmap12_en.pdf

Afinal, o funcionário da Câmara – que, entre 2011 e 2013 foi assessor do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e consultor da ABERT, entidade que faz o lobby da Rede Globo – teria essa atitude contra um deputado homem?

É, amigo… ser mulher na política não é para qualquer uma… se isso acontece no Congresso Nacional, diante dos olhos do País, com transmissão ao vivo, imagine o que não acontece Brasil afora…

Parabéns à Alice Portugal por não aceitar o desrespeito injustificável!

E parabéns também ao sempre combativo Amauri Teixeira (PT-BA), que protestou na mesma hora contra o abuso de Mozart Vianna.
Altamiro Borges: Deputada é atacada no Congresso

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