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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, maio 25, 2014

Papa Chico não vai durar muito tempo



Papa manda parar o jeep e reza ante o 'muro da vergonha'
Foi um gesto que surpreendeu e muito, a comitiva que acompanhava o Papa Francisco desde a sede da presidência da Autoridade Nacional Palestina até a basílica da Natividade, em Belém. Quando o jeep no que ele estava passou junto ao Muro que seja a Cisjordânia de Israel, Bergoglio ordenou que o veículo parasse e ele desceu.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Diigital. A tradução é da IHU On-Line.
A parada não estava prevista. Segundo os jornalistas que acompanham o Pontífice, Francisco ficou alguns minutos em oração, perto de uma torre de vigilância ocupada por um soldado de Israel, e rezou tocando a parede e apoiando a sua fronte nela.
O Papa realizou este gesto inesperado a caminho da missa pública que presidiu ante milhares de pessoas e de depois de um encontro com Abas, que lhe falou do "repugnante muro que Israel construiu pela força em nossa terra". Os cristãos da Terra Santa, em sua maioria palestinos, qualificam esta separação como "o muro da vergonha".
O próprio Papa sofre as dificuldades do muro, pois depois da sua estadia na Palestina, terá que viajar de helicóptero até o aeroporto de Tel Aviv, ao invés de percorrer o trajeto de apenas oito quilômetros que separam a cidade em que nasceu Jesus da Cidade Santa de Jerusalém.
A construção do muro, que, segundo argumenta o governo de Israel, é para frear os atentados. Ele começou a ser construído em 2002. Uma vez concluído, ele se estenderá por 712 quilômetros. A Corte Internacional de Justiça (CIJ) exigiu, em julho de 2004, seu desmantelamento, ao considerar a sua construção ilegal.
*GilsonSampaio

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