Índia se torna em uma superpotência naval
A entrada ao serviço do novo porta-aviões Vikramaditya,
das novas fragatas e corvetas e a aguardada para breve entrada ao
serviço da Marinha Indiana do submarino nuclear Arihant obrigaram muitos
analistas militares a supor que a Índia aspirava ao domínio marítimo
não só na bacia do oceano Índico, mas também do Pacífico. Isso incluiria
o mar da China Meridional.
O perito militar indiano e comodoro na reserva Udaya Bhaskar não concorda com esse ponto de vista:
“Não,
não se trata do mar da China Meridional. A marinha indiana irá atuar no
oceano Índico. A Índia se preocupa com a segurança das comunidades
indianas, em primeiro lugar nos países insulares do oceano Índico.
Apesar de anteriormente a marinha ter participado em operações de busca e
salvamento no Mediterrâneo. Em 2011 a marinha evacuou os cidadãos
indianos que se encontravam na Líbia, e em 2006 – do Líbano. Mas a
principal missão da marinha é o aprimoramento de suas capacidades para
atuar precisamente no oceano Índico. Assim, sobre o mar da China
Meridional não existe qualquer referência.”
É necessário
destacar que Nova Deli vê as águas limitadas pelo estreito de Ormuz no
ocidente, pelo estreito de Malaca no oriente, pela costa oriental de
África e pela costa ocidental da Austrália como “zona de interesses
legítimos” da Índia. Essa atenção especial suscitada pelo oceano Índico
não deve causar admiração, porque a maior parte das importações indianas
chega pela via marítima. Isso é sobretudo relevante no caso do petróleo
e dos produtos petrolíferos. Uma parte considerável das exportações
também é transportada por mar.
Ainda em 2005, o almirante Arun Prakash, na altura chefe do Estado-Maior da Marinha Indiana, tinha declarado:
“Como
força naval dominante no oceano Índico, nós devemos possuir e manter a
capacidade de realizar operações permanentes na zona de proteção dos
nossos interesses, inclusive realizar a projeção da força.”
Em
2007 a Índia adquiriu aos EUA o navio de desembarque doca
porta-helicópteros Trenton, da classe Austin. Na Marinha Indiana ele foi
batizado de Jalashwa. Este foi o primeiro indício que a marinha da
Índia estava considerando seriamente as ideias de projeção da força e de
operações a grandes distâncias das suas próprias costas.
Em
abril de 2012 o Ministério da Defesa da Índia informou, num relatório
enviado ao parlamento, que o desenvolvimento das capacidades
expedicionárias é um dos principais potenciais da Marinha de Guerra
Indiana que deverá ser desenvolvido.
Contudo, as
capacidades da marinha para operar longe das suas costas não dependem
apenas dos vasos de guerra, mas também dos navios de reabastecimento.
Por isso, em abril de 2013, a Marinha Indiana enviou uma requisição para
a construção de cinco novos navios reabastecedores, diz o perito
militar e comodoro na reserva Udaya Bhaskar:
“A Índia
pretende aperfeiçoar as capacidades da sua marinha para atuar no oceano
Índico. Para as operações oceânicas ela necessita de navios de apoio.
Neste momento, e para essas missões, o número de petroleiros e navios de
apoio é claramente insuficiente.”
As exigências quanto
às características dos novos navios de reabastecimento indicam quais
serão suas futuras missões. Esses navios devem, antes de mais, ter uma
grande capacidade de carga para transportar grandes quantidades de
combustível diesel para os navios e combustível aeronáutico para os
aviões e helicópteros, de munições e de outros materiais. Eles devem ter
capacidade para realizar viagens longas de 12 mil milhas marítimas à
velocidade de 16 nós ou de 9 mil milhas à velocidade de 20 nós. Agora
que os estaleiros indianos estão ocupados com as encomendas de navios de
guerra, os navios reabastecedores deverão ser comprados a fabricantes
estrangeiros.
Desde a apresentação do pedido, há um
ano, esse concurso público ainda não foi realizado, e por isso os prazos
de execução dos planos para a modernização da marinha ainda dependem em
grande medida das opções prioritárias a ser tomadas pelos novos
dirigentes políticos indianos.
Não se pode, porém,
supor que a marinha indiana irá limitar suas operações às águas do
oceano Índico. O comando militar indiano considera que, em perspectiva, a
marinha pode ser envolvida na proteção das diásporas indianas não só
nos países insulares do Índico, mas igualmente em regiões tão distantes
como as Fiji, Trinidad e Guiana.
É evidente que
estabelecimento de um controle sobre as linhas de comunicação marítimas e
oceânicas é uma condição indispensável para a transformação do país
numa superpotência global. Esse será, provavelmente, o objetivo
estratégico da direção político-militar indiana.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_05_29/India-se-torna-em-uma-superpotencia-naval-9818/
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*VozDaRussia
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