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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, maio 30, 2014

Índia se torna em uma superpotência navalÍndia, navios

A Índia anseia ter uma “frota expedicionária”, uma frota que seja capaz de realizar a projeção da força não apenas na bacia do Índico, mas, potencialmente, à escala global.


A entrada ao serviço do novo porta-aviões Vikramaditya, das novas fragatas e corvetas e a aguardada para breve entrada ao serviço da Marinha Indiana do submarino nuclear Arihant obrigaram muitos analistas militares a supor que a Índia aspirava ao domínio marítimo não só na bacia do oceano Índico, mas também do Pacífico. Isso incluiria o mar da China Meridional.
O perito militar indiano e comodoro na reserva Udaya Bhaskar não concorda com esse ponto de vista:
“Não, não se trata do mar da China Meridional. A marinha indiana irá atuar no oceano Índico. A Índia se preocupa com a segurança das comunidades indianas, em primeiro lugar nos países insulares do oceano Índico. Apesar de anteriormente a marinha ter participado em operações de busca e salvamento no Mediterrâneo. Em 2011 a marinha evacuou os cidadãos indianos que se encontravam na Líbia, e em 2006 – do Líbano. Mas a principal missão da marinha é o aprimoramento de suas capacidades para atuar precisamente no oceano Índico. Assim, sobre o mar da China Meridional não existe qualquer referência.”
É necessário destacar que Nova Deli vê as águas limitadas pelo estreito de Ormuz no ocidente, pelo estreito de Malaca no oriente, pela costa oriental de África e pela costa ocidental da Austrália como “zona de interesses legítimos” da Índia. Essa atenção especial suscitada pelo oceano Índico não deve causar admiração, porque a maior parte das importações indianas chega pela via marítima. Isso é sobretudo relevante no caso do petróleo e dos produtos petrolíferos. Uma parte considerável das exportações também é transportada por mar.
Ainda em 2005, o almirante Arun Prakash, na altura chefe do Estado-Maior da Marinha Indiana, tinha declarado:
“Como força naval dominante no oceano Índico, nós devemos possuir e manter a capacidade de realizar operações permanentes na zona de proteção dos nossos interesses, inclusive realizar a projeção da força.”
Em 2007 a Índia adquiriu aos EUA o navio de desembarque doca porta-helicópteros Trenton, da classe Austin. Na Marinha Indiana ele foi batizado de Jalashwa. Este foi o primeiro indício que a marinha da Índia estava considerando seriamente as ideias de projeção da força e de operações a grandes distâncias das suas próprias costas.
Em abril de 2012 o Ministério da Defesa da Índia informou, num relatório enviado ao parlamento, que o desenvolvimento das capacidades expedicionárias é um dos principais potenciais da Marinha de Guerra Indiana que deverá ser desenvolvido.
Contudo, as capacidades da marinha para operar longe das suas costas não dependem apenas dos vasos de guerra, mas também dos navios de reabastecimento. Por isso, em abril de 2013, a Marinha Indiana enviou uma requisição para a construção de cinco novos navios reabastecedores, diz o perito militar e comodoro na reserva Udaya Bhaskar:
“A Índia pretende aperfeiçoar as capacidades da sua marinha para atuar no oceano Índico. Para as operações oceânicas ela necessita de navios de apoio. Neste momento, e para essas missões, o número de petroleiros e navios de apoio é claramente insuficiente.”
As exigências quanto às características dos novos navios de reabastecimento indicam quais serão suas futuras missões. Esses navios devem, antes de mais, ter uma grande capacidade de carga para transportar grandes quantidades de combustível diesel para os navios e combustível aeronáutico para os aviões e helicópteros, de munições e de outros materiais. Eles devem ter capacidade para realizar viagens longas de 12 mil milhas marítimas à velocidade de 16 nós ou de 9 mil milhas à velocidade de 20 nós. Agora que os estaleiros indianos estão ocupados com as encomendas de navios de guerra, os navios reabastecedores deverão ser comprados a fabricantes estrangeiros.
Desde a apresentação do pedido, há um ano, esse concurso público ainda não foi realizado, e por isso os prazos de execução dos planos para a modernização da marinha ainda dependem em grande medida das opções prioritárias a ser tomadas pelos novos dirigentes políticos indianos.
Não se pode, porém, supor que a marinha indiana irá limitar suas operações às águas do oceano Índico. O comando militar indiano considera que, em perspectiva, a marinha pode ser envolvida na proteção das diásporas indianas não só nos países insulares do Índico, mas igualmente em regiões tão distantes como as Fiji, Trinidad e Guiana.
É evidente que estabelecimento de um controle sobre as linhas de comunicação marítimas e oceânicas é uma condição indispensável para a transformação do país numa superpotência global. Esse será, provavelmente, o objetivo estratégico da direção político-militar indiana.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_05_29/India-se-torna-em-uma-superpotencia-naval-9818/
*VozDaRussia

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