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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, maio 25, 2014

PM dá voz de prisão a manifestante por desobediência, mas cita artigos errados do Código Penal

Policial justificou detenção de estudante alegando subtração de menor de idade
Fernando Mellis, do R7

Nome do policial não era visível no momento da abordagem, apenas um código de letras e números estava no colete dele Divulgação/Advogados Ativistas
Ao exigir a presença de um delegado de polícia durante a revista de seu carro, o estudante de direito Iranildo Brasil recebeu voz de prisão, durante um protesto contra a Copa do Mundo, na praça da Sé, na tarde deste sábado (23). Um dos policiais militares foi questionado por integrantes do grupo Advogados Ativistas sobre qual era o motivo da detenção. A reposta do PM, gravada em vídeo por um dos defensores, foi: “é só ler, artigo 247 no Código Penal e artigo 249”.
De acordo com o Código Penal Brasileiro, o artigo 247 prevê prisão de um a três meses a quem permitir que um menor de 18 anos em sua responsabilidade frequente casas noturnas, de jogos ou de prostituição. Já o artigo 249 trata de subtração de menores de idade. Nada a ver com a desobediência (artigo 330 do Código Penal) alegada pelo PM.
“Isso deixa bem evidente a falta de conhecimento dele [policial] da legislação”, disse o advogado ativista André Zanardo. No vídeo, o policial fala com convicção e determina que o jovem seja encaminhado à delegacia. O PM aparece nas imagens com código de dez dígitos composto por letras e números na farda, onde deveria estar o nome dele.
Para Zanardo, esse tipo de identificação abre brechas para policiais cometerem arbitrariedades sem que seus nomes sejam facilmente revelados durante manifestações.
— Como que alguém identificado por numero de serie, como um robô, pode tentar entrar em dialogo com um cidadão?
A Polícia Militar informou por meio de nota ter recebido uma denúncia de que havia coqueteis molotov no veículo do estudante. Brasil foi levado pelos PMs ao 8º Distrito Policial (Brás/Belém). Ele foi convencido pelo delegado a abrir o carro para os militares na frente dos advogados e da imprensa. Durante a revista não foi encontrado nada ilegal no veículo. O jovem foi liberado em seguida.
O código presente na farda dos policiais, segundo a PM, passou a ser adotado porque é o registro do agente na corporação e isso evitaria confusões no caso de nomes iguais.


Policial cita artigo errado do Código Penal... por thevideos11
*advogadosativistas

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