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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, maio 25, 2014


Copa: Dilma rebate Ronaldo, rejeita vergonha e diz não ter complexo de vira-latas

 

Presidenta se declara segura da capacidade do país. Rebelo diz que ex-jogador, organizador do Mundial, joga contra o próprio gol ao externar vergonha com o Brasil e que evento ajudou no desenvolvimento
por Redação RBA publicado 25/05/2014 09:26
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Antônio Cruz/Agência Brasil
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Integrantes da UJS declararam apoio a Dilma, que alfinetou adversários ao falar sobre juventude
São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff rebateu as declarações do ex-jogador Ronaldo, que disse se envergonhar da preparação do Brasil para a Copa de 2014. Em discurso neste sábado durante ato da União da Juventude Socialista, no sábado (24), em Brasília, a petista enumerou fatores que a fazem acreditar que o país realizará um grande evento, a partir do dia 12 do próximo mês, e rejeitou a visão nutrida pelo ex-atleta, que é também integrante do Comitê Organizador Local, ligado à Fifa e à Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
"A Copa do Mundo se aproxima, tenho certeza que nosso país fará a Copa das Copas. Tenho certeza da nossa capacidade, do que fizemos. Tenho orgulho das nossas realizações, não temos do que nos envergonhar e não temos o complexo de vira-latas, tão bem caracterizado por Nelson Rodrigues se referindo aos eternos pessimistas de sempre”, afirmou a presidenta.
Em entrevista concedida na sexta-feira à agência Reuters, Ronaldo culpou os governos pelo que considera uma demora na execução de obras, especialmente na área de infraestrutura, embora tenha defendido a realização do Mundial como um evento importante para o país, rejeitando a ideia de vilanizar o evento. "E de repente chega aqui é essa burocracia toda, uma confusão, um disse me disse, são os atrasos. É uma pena. Eu me sinto envergonhado, porque é o meu país, o país que eu amo, e a gente não podia estar passando essa imagem para fora", afirmou.
As declarações provocaram também reação do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, que no sábado emitiu nota afirmando que o governo está fazendo sua parte ao aproveitar a Copa para enfrentar “debilidades” que marcam o desenvolvimento do país. Ele afirmou ainda que sentir vergonha do país não faz parte da solução, ao passo que o mais saudável é apontar as falhas e trabalhar para resolvê-las.
“Foi a Copa, com o esforço dos governos, que permitiu que muitas obras de infraestrutura, mobilidade urbana, aeroportos, fossem adiantadas. Que permitiu que milhares de empresários viessem ao Brasil para gerar negócios, tributos e empregos para o País. Que permitiu que milhares de brasileiros recebessem formação profissional”, disse. “A frase dita pelo Ronaldo, tomada de forma isolada, é um chute contra o próprio gol, já que ele foi parte do grande esforço para construir a Copa do Mundo. Esse grande evento não será motivo de constrangimento para o país que construiu a sétima economia do mundo e é o maior vencedor de todos os Mundiais. Estou seguro de que não só o Ronaldo, mas todos os brasileiros e turistas estrangeiros que vierem nos visitar terão orgulho, e não vergonha.”

Mudanças

Durante o evento, Dilma voltou a se apresentar como política capaz de promover mudanças estruturais no Brasil, na condição de pré-candidata do PT à Presidência da República. Ela recordou os jovens de que encaminhou ao Congresso uma proposta de participação popular pela reforma política. O tema foi apresentado depois das manifestações de junho de 2013, mas acabou engavetado pelo Legislativo, e agora movimentos sociais tentam promover pressão para que se realize um plebiscito na primeira semana de setembro.

Ela ressaltou a importância da educação no processo de desenvolvimento do país e fez questão de mencionar vários programas do governo na área, como o Programa Universidade para Todos (ProUni), o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), além de citar os números do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), divulgados na manhã de ontem, com o recorde de 9,5 milhões de inscritos.
Dilma recordou sua militância contra a ditadura na juventude, afirmando que o evento a fazia refletir sobre o passado. “É importante dizer que, como vocês, nós tínhamos rumo. Sabíamos o que queríamos e que país queríamos construir. Hoje, nós aqui todos temos o nosso lado, o lado do povo brasileiro, das transformações do nosso pais, do nosso Brasil. É por isso que quando eu olho novamente para vocês,  vendo uma gente tão comprometida e tão cheia de vida, eu não estou mais olhando para o meu passado, mas, sim eu enxergo o futuro do meu país. Vocês são essenciais para essa construção”, afirmou.
Durante o evento, a UJS declarou apoio a Dilma Rousseff na disputa pela reeleição. A entidade, ligada ao PCdoB, avaliou terem ocorrido avanços por meio de uma série de programas voltados à juventude nos 12 anos de governo do PT. Novamente houve críticas ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) e ao ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), adversários da petista na disputa, considerados representantes de um retorno a políticas neoliberais.
“Quanto mais nos aproximamos da campanha eleitoral, mais vai ser charmoso falar do papel da juventude do Brasil”, afirmou Dilma. “Mesmo os que nada, ou quase nada, fizeram pelos jovens do nosso país, mesmo aqueles que já nasceram velhos vão se dizer empenhados de corpo e alma na luta dos jovens por um espaço no presente e um lugar no futuro. Mas é sempre bom perguntar onde esses se encontravam todos esses anos, quando nós começamos a mudar o Brasil, trabalhando ao lado daqueles que vinham sendo abandonados há tanto tempo.”
*RedeBrasilAtual

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