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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, maio 18, 2014

Venezuela e Palestina assinam acordos e reiteram solidariedade



O presidente venezuelano Nicolás Maduro prometeu enviar petróleo e diesel à Palestina como parte dos acordos assinados com o presidente Mahmoud Abbas, que visita a Caracas. A Venezuela possui a maior reserva petrolífera do mundo e deve enviar, inicialmente, 240 mil barris à Palestina. No sábado (17), os presidentes também assinaram um documento para evitar a dupla taxação nas trocas comerciais. Abbas iniciou a visita de três dias ao país latino-americano nesta sexta-feira (16).



Reuters
Abbas e Maduro assinam acordos estratégicos e trocam homenagens em encontro na Venezuela. Abbas e Maduro assinam acordos estratégicos e trocam homenagens em encontro na Venezuela.
“Agradecemos a Venezuela por apoiar a Palestina,” disse o presidente Abbas, citado pela agência palestina de notícias Ma’an, “por quebrar o monopólio de Israel sobre a nossa economia, por sua resposta às nossas necessidades, por sua disposição para ajudar o povo palestino em sua longa luta.”

Durante a reunião, o presidente venezuelano também concordou em apoiar o esforço da Autoridade Palestina por conseguir o estatuto de observador em três organizações regionais da América Latina: a União de Nações Sul-americanas (Unasul), a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba) e a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac). A Palestina também tem acordos comerciais com o Mercosul desde 2012.

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“O povo palestino tem o direito de manter relações comerciais com o mundo, também,” disse Maduro. Diante da firme oposição israelense, os palestinos conquistaram o estatuto de Estado observador não membro da Organização das Nações Unidas (ONU) em novembro de 2012, abrindo o caminho para a adoção de diversos acordos internacionais. Durante a sua terceira viagem à Venezuela em cinco anos, Abbas visitou o túmulo do líder bolivariano Hugo Chávez.

O presidente palestino chegou a Caracas depois de reunir-se com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, em Londres, na quarta-feira (14), para discutir as condições de retomada das negociações com Israel, encerradas em 29 de abril, após nove meses de reuniões infrutíferas e do aumento da ocupação israelense sobre os territórios palestinos. De acordo com a embaixadora palestina na Venezuela, Linda Sobeh Ali, citada pela Agence France-Presse (AFP), a questão também foi debatida por Abbas com o presidente Maduro.

Os presidentes assinaram dois acordos de cooperação na questão energética e na barreira à taxação dupla. No primeiro, a Venezuela comprometeu-se a cobrir parcialmente as necessidades da Palestina por diesel durante os próximos cinco anos, vendendo o produto ao país com preços preferenciais. Além do envolvimento da Palestina nas três organizações regionais, Maduro também disse que a Venezuela apoia a sua adesão à aliança Petrocaribe, cujos 18 Estados membros já se beneficiam do petróleo venezuelano a preços preferenciais, com base na solidariedade e na cooperação energética.

“A Venezuela honrará a sua promessa de oferecer tudo o que for necessário para ajudar a acabar com a injustiça que tem afligido o povo palestino, assim como ajudar a acabar com a ocupação sobre a sua terra e a estabelecer o seu Estado independente,” disse Maduro. Os presidentes trocaram honras e Abbas também deu à filha de Maduro, Maria, a Estrela da Palestina, em reconhecimento das “posições resolutas” do presidente venezuelano ao “mobilizar apoio regional e internacional para apoiar a causa palestina”

Com informações das agências palestinas de notícias,
Moara Crivelente, da Redação do Vermelho

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