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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, maio 26, 2014

    PT VAI AO STF PARA GARANTIR TRABALHO DE DIRCEU



A ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) do PT, assinada pelo advogado Rodrigo Mudrovitsch, pede que a Corte fixe uma jurisprudência garantindo a todo preso no regime semiaberto o direito de trabalhar fora da cadeia durante o dia – independentemente de já ter cumprido ou não 1/6 de sua pena; argumento foi usado pelo presidente do STF, Joaquim Barbosa, para barrar o pedido de trabalho Dirceu, preso ilegalmente em regime fechado desde novembro, e de outros condenados na AP 470, com o de Delubio Soares

26 DE MAIO DE 2014 

247 – O PT entrou com uma liminar no Supremo Tribunal Federal, neste domingo, para garantir o direito de trabalho externo ao ex-ministro José Dirceu, preso na Papuda pela AP 470.

Segundo o colunista Fernando Rodrigues, a ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) do PT é assinada pelo advogado Rodrigo Mudrovitsch e pede que a Corte fixe uma jurisprudência garantindo a todo preso no regime semiaberto o direito de trabalhar fora da cadeia durante o dia –independentemente de já ter cumprido ou não 1/6 de sua pena.

Esse foi o argumento usado pelo presidente do STF, Joaquim Barbosa, para barrar o pedido de Dirceu, preso ilegalmente em regime fechado desde novembro. Na sequência, ele revogou o trabalho de outros condenados na AP 470, com o de Delubio Soares.

O PT questiona que a exigência do 1/6 é incompatível com a Constituição Federal de 1988 que, estabelece a individualização da pena, a integridade moral e a ressocialização do preso. Além disso, afirma que há mais de uma década o Superior Tribunal de Justiça (STJ) não aplica mais esse requisito.

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