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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 24, 2014

 Jornal Nacional omite criminosamente a inauguração da ferrovia Norte-Sul


O Jornal Nacional da TV Globo está tão tucano que deu o vexame de censurar a inauguração do trecho da ferrovia Norte-Sul de Palmas (TO) até Anápolis (GO), só porque é uma obra federal do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

O telejornal achou mais importante noticiar que o cartola da Fifa, Jérôme Valcke, "se anima ao visitar Mineirão e Mané Garrincha", do que uma ferrovia que corta o Brasil por 1500 km (por enquanto).

Francamente, perto da Norte-Sul que importância tem um simples elogio de um cartola da Fifa para dois estádios já prontos há um ano e usados desde a Copa das Confederações, no ano passado?

Já a Ferrovia Norte-Sul é um marco para o desenvolvimento de Goiás, Tocantins e Maranhão, passando por dezenas de cidades, com reflexos para a região Norte e parte do Nordeste. Vai beneficiar até a Zona Franca de Manaus, cujos produtos, como motocicletas, passarão a usar a ferrovia para baratear o frete para o Brasil Central e redondezas, por exemplo.

E por chegar até Anápolis, a ferrovia é estratégica para todo o Brasil, pois a cidade tem um porto seco para cargas, que faz um entroncamento rodo-ferroviário, já ligado por antigas ferrovias que cortam o Sudeste, até os portos de Santos, Vitória e Rio de Janeiro. Além de abrir uma nova rota em direção ao Norte, desafogando os portos do Sudeste e reduzindo custos.

Se o Jornal Nacional não quisesse mostrar a presidenta Dilma na cerimônia de inauguração, pelo menos deveria mostrar só a ferrovia, respeitando o povo brasileiro ao dar notícia que é do maior interesse público.

Com esta inauguração, a ferrovia Norte-Sul completou 1.574 quilômetros desde o Maranhão até Goiás.

Dois dias antes, na cidade de Gurupi (TO) foi inaugurado outro Pólo de Cargas na ferrovia. A expectativa na cidade é de gerar pelo menos 3.500 empregos diretos no processo de transporte de cargas. A prefeitura espera também atrair empresas, com as vantagens logísticas que passou a ter.

Outro importante terminal de cargas ao longo da ferrovia é o Pátio de Porto Nacional, situado a 23 quilômetros de Palmas, usado por grandes empresas distribuidoras de combustíveis (BR Distribuidora, Raízen e Norship) e grãos Ceagro.

Esses terminais e o porto seco atendem ao transporte de contêineres, combustíveis, minério e commodities agrícolas, tanto para exportação como para importação de produtos.

Pátios Multimodais de cargas no novo trecho da ferrovia: 
Pátios
Empresas
Sentido importação
Sentido exportação
Porto Nacional/TO
Petrobrás
Diesel e gasolina
Etanol e biodiesel
Raízen
Diesel e gasolina
Etanol e biodiesel
NovaAgri (projeto)
Grãos
Ceagro (em obras)
Grãos
Grãos
Norship (em obras)
Diesel e gasolina
Etanol e biodiesel
Gurupi/TO
Brazil Marítima
Minério de manganês
Anápolis/GO
Granol
Grãos
Farelo de Soja
Porto Seco
Carga geral
Carga geral

Outro trecho desta ferrovia está em construção. Segue até Estrela d’Oeste (SP). O percurso de 682 quilômetros já tem 60% de execução física e previsão de conclusão para 2015.
*comtextolivre 

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