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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, julho 10, 2014


  1. Eu tenho receio daqueles que...
    Não se indignam com nada
    Medo dos indiferentes
    Desconfio dos que só elogiam
    Tenho vergonha dos que se omitem
    Dos oportunistas de situação

    Dos que só curtem os mais fortes
    Dos que esqueceram suas origens
    Medo de pobre com lombriga de rico
    De rico disfarçado de ovelha
    Dos que mudam de lado por interesse
    Trocando sua ideologia por dinheiro

    Dos que puxam o tapete sem escrúpulos
    Dos invejosos do brilho alheio
    Dos que beijam a face
    E apunhalam às costas

    Tenho medo dos falsos amigos
    Os que juram cumplicidade
    Dos que fingem fidelidade
    Para manipular e se dar bem

    Tenho medo dos que se utilizam de fake
    Para dizerem o que pensam
    Sem mostrar sua verdadeira face
    E fingem ser o que não são

    Tenho medo dos donos da verdade
    Tratorando a verdade de quem pensa diferente
    Tenho medo dos sociopatas de campanhas
    Dos lambe botas dos poderosos
    Dos que vendem a alma por 30 moedas.

    Goretti Vermelha Bussolo.

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