Eu tenho receio daqueles que...
Não se indignam com nada
Medo dos indiferentes
Desconfio dos que só elogiam
Tenho vergonha dos que se omitem
Dos oportunistas de situação
Dos que só curtem os mais fortes
Dos que esqueceram suas origens
Medo de pobre com lombriga de rico
De rico disfarçado de ovelha
Dos que mudam de lado por interesse
Trocando sua ideologia por dinheiro
Dos que puxam o tapete sem escrúpulos
Dos invejosos do brilho alheio
Dos que beijam a face
E apunhalam às costas
Tenho medo dos falsos amigos
Os que juram cumplicidade
Dos que fingem fidelidade
Para manipular e se dar bem
Tenho medo dos que se utilizam de fake
Para dizerem o que pensam
Sem mostrar sua verdadeira face
E fingem ser o que não são
Tenho medo dos donos da verdade
Tratorando a verdade de quem pensa diferente
Tenho medo dos sociopatas de campanhas
Dos lambe botas dos poderosos
Dos que vendem a alma por 30 moedas.
Goretti Vermelha Bussolo.
Páginas
Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, julho 10, 2014
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