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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, janeiro 06, 2015

- A representatividade negra na televisão é mínima e mesmo assim fruto de muita luta. Não dá para não questionar todo o racismo por trás da Rede Globo;


Não comemore que uma Globeleza foi trocada por uma mulher negra que a Globo acha bonita


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1- Mulheres negras só tem visibilidade em programações como a da Globeleza porque ainda somos tratadas como objetos só de desejo e diversão. Não dá para não interseccionar machismo e racismo para entender o porquê da necessidade de se colocar uma negra dançando seminua no Carnaval, na TV;
2- A representatividade negra na televisão é mínima e mesmo assim fruto de muita luta. Não dá para não questionar todo o racismo por trás da Rede Globo;
3- Não existe negra de verdade e nem negra de mentira, existem padrões de beleza pautados na branquitude que colocam a beleza de uma mulher negra como sendo superior a de outras mulheres negras, por ela se aproximar do que a própria branquitude pauta como bonito. Não entrem nesse jogo de achar que existe uma competição entre negras, existe um mundo racista e nenhuma beleza é superior a outra;
4- A própria Rede Globo tenta embranquecer suas “musas” as chamando de morena/mulatas. Isso é tentativa de amenizar a identidade delas, que julgam ser ofensiva. Mas ser NEGRO não é ofensivo! Além do mais, mulata é um termo machista, de origem espanhola, e a palavra vem de MULA, que nada mais do que o cruzamento entre cavalos e jumentas, no caso homens brancos senhores e estupradores e mulheres negras escravas;
5- Trataram a Nayara Justino de forma desumana, racista, humilhante e ainda criaram a ilusão de que a beleza de Érika Moura, a nova Globeleza, é superior a dela, quando não é. Por favor não comprem essa ideia;
6- Não somos exóticas! Somos mulheres negras belas e reveja o que você atribui como beleza exótica, pois geralmente essa expressão é direcionada à mulheres negras próximas ao padrão da branquitude, como Camila Pitanga, que é negra sim! E nunca vai deixar de ser;
7- E gostos e preferências se discutem, sim! O conceito de beleza também! Vivemos num mundo racista e machista, ONDE GOSTO É CONSTRUÍDO! Não querer discutir e desconstruir, não agrega em nada na luta contra tais opressões.
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