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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, abril 02, 2015

Presidente dos EUA Barack Obama faz declaração na Casa Branca após alcançar acordo sobre programa nuclear iraniano, em 2 de abril, 2015.

Obama destaca acordo histórico com o Irã

© AFP 2015/ NICHOLAS KAMM
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Em discurso após as negociações sobre o programa nuclear iraniano, o chefe de Estado norte-americano demonstrou grande satisfação com o acordo alcançado na Suíça.
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse nesta quinta-feira, após as últimas reuniões dos representantes do P5+1 com as autoridades do Irã, em Lausanne, que o acordo firmado sobre o programa nuclear iraniano pode ser considerado histórico. 
Segundo ele, as sanções contra Teerã, que devem ser retiradas em breve, foram determinantes para trazer as autoridades iranianas de volta à mesa de negociações. E, por esse motivo, novas sanções podem ser impostas no caso de qualquer violação das regras por parte do governo da república islâmica. 
Destacando que o novo acordo não será baseado apenas na confiança, mas em verificações sem precedentes, Obama disse que se houver qualquer suspeita em relação aos fins pacíficos do programa nuclear do Irã, inspeções serão realizadas. 
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, e sua colega da União Europeia, Federica Mogherini, fizeram um comunicado conjunto, em Lausanne, sobre os resultados das negociações, afirmando, entre outras coisas, que todas as sanções impostas pela UE e pelos EUA relacionadas ao tema nuclear seriam retiradas.


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