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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, setembro 21, 2010

Cristina Kirchner pede 'imediata detenção' de donos dos grupos Clarín e La Nacion por cumplicidade com homicídio







Do Portal Imprensa:

O governo argentino apresentará denúncia contra os jornais Clarín e La Nación, aos tribunais de La Plata, por terem sido cúmplices no sequestro e torturas sofridas por membros da família Graiver em novembro de 1976. Os Graiver eram donos da Papel Prensa e venderam suas ações aos veículos de imprensa.
Segundo o jornal Perfil, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, incluirá na denúncia um pedido de "imediata detenção" da proprietária do Grupo Clarín, Hernestina Herrera de Noble; do principal acionista do grupo, Héctor Magnetto; e do diretor do La Nación, Bartolomé Mitre.
Com as denúncias, a Casa Rosada defenderia a teoria de que os donos dos jornais oposicionistas seriam cúmplices de homicídio. O governo Kirchner e a viúva do antigo dono da Papel Presa, Lidia Papaleo de Graiver, sustentam a ideia de que os jornais agiram em cumplicidade com os militares na década de 1970 para perseguir a família Graiver, que faleceu em um acidente de avião.
Os donos do Clarín e do La Nación também serão denunciados pelo governo argentino pelo sequestro e assassinato do advogado Jorge Rubinstein, que representava a família Graiver.
Em agosto, Cristina apresentou um relatório acusando os donos dos dois jornais oposicionistas de crimes de lesa-Humanidade, por terem adquirido ações da Papel Prensa ilegalmente. A empresa é a maior produtora de papel-jornal da Argentina, e seus maiores acionistas são o Grupo Clarín e o La Nación.


Agora mesmo é que nossa máfia midiática vai fazer de tudo para tentar impedir a vitória de Dilma. Afinal, quem viu o desabafo de nossa futura presidente contra mais um porcalismo da Folha, já percebe que Dilma não foge nem teme o confronto.
*GilsonSampaio


“Folha” vira a FOX de Dilma

Nos EUA, Barack Obama pendurou o guiso no gato já há algum tempo. Lá, a assessoria do presidente colou na FOX o rótulo de “braço midiático do Partido Republicano”.
Nessa segunda-feira, o jornal da família Frias teve o seu dia de FOX. Dilma bateu pesado na “Folha”. É o troco, depois de dias e dias de uma campanha unilateral. Aliás, são meses de deturpações e cobertura enviesada. Começou lá atrás, com a ficha falsa na primeira página. Seguiu com a manchete tosca sobre o aumento da conta de luz “por culpa de Dilma” (tão tosca que fez a “Folha” ir parar nos trendtopics do twitter, como exemplo mundial de manipulação).
Nas últimas duas semanas, diante do aturdimento de Serra – incapaz de traçar uma linha para sua campanha – a velha mídia assumiu o comando da oposição. Cumpriu-se, assim, na prática, o que Judith Brito (presidenta da ANJ – Associação Nacional dos Jornais) já havia vaticinado: “a imprensa é o verdadeiro partido de oposição no Brasil.”
O clima de confrontação, criado pela direita, aproxima-se muito do que vemos na Venezuela. Como escrevi aqui, a venezuelização do Brasil vem pela direita: quem escolheu o confronto não foi Lula, mas Serra (com seu discurso no Clube Militar, falando em “República Sindicalista”) e a velha mídia.
Já escrevi nesse humilde blog que a imprensa tem , sim, o dever óbvio de investigar e denunciar. Não vejo nada de errado nisso. A situação absurda, no Brasil, é que as denúncias são sempre unilaterais. Só existem escândalos federais no Brasil, há quase 8 anos. O ímpeto investigativo dos jornais não se volta – jamais – contra os tucanos. Explica-se: os tucanos garantem polpudos recursos para a velha mídia, com a assinatura de jornais para as escolas paulistas.
A velha mídia tenta criar um “Mar de Lama” contra o lulismo. Como Lacerda fez contra Vargas em 54.
Naquela época, o único contraponto era o “Última Hora”, jornal de Samuel Wainer. Hoje, os “blogs sujos” cumprem – de forma ainda limitada, mas efetiva - o papel de contraponto. Nem isso Serra gostaria de ter. Queria toda a mídia pra ele.
Em 2002, os golpistas na Venezuela tinham toda a mídia com eles, menos a TV estatal. Aqui no Brasil, os maiores jornais e a (ainda) maior rede de TV levam o país para o abismo do confronto.
As manchetes, no entanto, não refletem o clima nas ruas. O brasileiro comum quer tocar a vida – que melhorou um pouquinho nos últimos anos. Por isso, Dilma segue favorita, debaixo do maior tiroteio já visto antes de uma eleição.
O brasileiro comum ignora o bombardeio midiático. Mas isso não torna o bombardeio menos perigoso. Porque alimenta uma classe média cada vez mais raivosa e agressiva.
O descalabro precisa ser denunciado internacionalmente. E é o que nós, de blogs que o Serra gostaria de ver fechados, vamos fazer nos pórximos dias: denunciar o comportamento antidemocrático e golpista da mídia brasileira, lembrando ao Mundo que esses mesmos que prepararm o golpe hoje, foram os que imploraram pelo golpe em 64: Estadão, Folha, O Globo.
Dilma deu um passo importante, hoje, ao cravar na testa da “Folha” o selo de jornal golpista. Talvez tenha se excedido um pouco no tom. Cheguei a ficar preocupado quando vi a Dilma, com a veia a saltar na testa. A candidata alcançará mais resultado junto ao público quanto mais conseguir aliar serenidade e firmeza. Mas seria demais pedir serenidade em meio ao combate.
A “Folha” foi parar no centro da campanha. Pela voz de Dilma.
A “Veja” (ou “Óia”) já tinha virado tema de discurso de Lula, no fim de semana, em Campinas.
A próxima será a Globo? Seria bom e didático que Dilma e Lula cumprissem esse papel.
A batalha da mídia, durante a campanha, é apenas a consequência natural do processo político. Dilma deixou de debater com a oposição do DEM/PSDB -essa está perdida. Restou a velha mídia.
É preciso derrotá-la, antes que ela (a velha mídia golpista) derrote o Brasil.
*comtextolivre

Kirchner vai pedir a prisão imediata dos donos dos jornais Clarín e La Nación

O governo argentino prepara denúncia contra os donos dos dois principais jornais do país, Clarín e La Nación, por homicídio e cumplicidade no sequestro e nas torturas sofridas por membros da família Graiver durante a ditadura (1976-1983). A herdeira do Grupo Clarín, Ernestina Herrera de Noble (na foto, de verde), de 85 anos, já teria contra si, de acordo com o jornal portenho Perfil, um pedido de "detenção imediata" tramitando nos tribunais de La Plata, capital da Província de Buenos Aires. As informações são da agência Efe.
A denúncia - vista pela oposição como mais um sinal da perseguição política radical lançada pela presidente Cristina Kirchner contra os meios de comunicação - refere-se ao papel que os donos dos dois jornais teriam desempenhado em 1976. Na época, eles compraram a empresa Papel Prensa, que fornece matéria-prima para o Clarín e o La Nación, beneficiados por uma venda vantajosa depois que a herdeira da empresa, Lidia Papaleo Graiver, foi presa e torturada pelos militares. O marido dela, David Graiver, que teria ajudado a financiar o grupo radical de esquerda Montoneros, morreu num misterioso acidente de avião antes da transação. A versão de que os dois jornais se beneficiaram dos crimes para assumir o controle da empresa que abastece 75% do mercado interno é respaldada por Lidia, viúva de David Graiver.
O embate entre governo e imprensa cresce no momento em que a Argentina se aproxima das eleições presidenciais de 2011.
Ontem, milhares de manifestantes saíram às ruas de Buenos Aires para protestar contra a imprensa e o Judiciário. Eles pedem que os juízes da Corte Suprema apliquem a Lei de Meios, que restringe o direito de um grupo de mídia controlar mais de um veículo na mesma cidade.
Leia mais no post Papel Prensa, o fordismo nos crimes de lesa humanidade, publicado no blog Diário Gauche, em 26 de agosto último.

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