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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, setembro 24, 2010

Muita calma nesta hora…

do Tijolaço

Eu recebi de um amigo, o Eduardo Goldemberg, uma material muito interessante. São arquivos que ele guarda, da revista Veja, e que está postando em seu simpaticíssimo Buteco do Edu.
Publico aí ao lado algumas das capas da Veja que ele reproduz. Tem muito mais lá e depois eu trago para cá mais coisas interessantes.
Mas fiquemos, por hoje, nesta imagem que vale mais que qualquer descrição que se possa fazer do papel militante da mídia no Brasil.
A parcialidade desta coleção de imagens só não é maior que seu ridículo.
Tudo isso foi vencido por uma única, simples e poderosa arma.
O voto popular.
Amanhã vem outro Ibope.
Não creio que ouse tanto como o Datafolha. Mas a história de ambos tem sido a de “bons amigos”.
Temos de conservar a calma e a lucidez.
Sabemos onde está o povão. Sabemos que ele sabe e sente, no corpo e na vida, o quanto caminhamos. E sabemos quem são os adversários a derrotar. Eles são poderosos, mas já não são onipotentes.
A gente, e faz tempo, mostrou que nossa força não é nada senão a a verdade.
E a verdade, agora, conta com um instrumento com que nunca contou.
Boa noite a todos e mais um bom dia de luta amanhã. Faltam poucos e a cada um deles, carpe diem, colhamos o dia.



O panfletão sujo da Globo

do Tijolaço
As Organizações Globo mostraram hoje o que pensam do nosso povão. Como não podem desmascarar, de forma ainda mais evidente, o jornalismo faccioso que praticam no jornal O Globo, usaram sua publicação “popular”, o Extra, como panfleto sujo em sua inútil tentativa de fazer do presidente Lula mais um que se ajoelhe perante o seu poder imperial.
É uma vergonha mas, mais que isso, a confissão de que não são mais imprensa. São, sim, uma máquina de propaganda antidemocrática, que procura violar o processo de formação de consciência do povo brasileiro.
Solidarizo-me aos jornalistas que, pelo pão de cada dia, procuram fazer naquele e em outros jornais o seu trabalho profissional. Mas não posso, sob pena de trair minhas origens e meus compromissos, deixar de reagir da forma mais veemente a este absurdo.
Sem a hipocrisia do Globo, sem as sofisticações da Folha, sem os resquícios de austeridade do Estadão, o papelucho do grupo Globo desnuda duas verdades: primeiro, como disse, que abandonaram o jornalismo para entregar-se à campanha eleitoral; segundo, que consideram nosso povo mais humilde que compra jornais populares, indigno de receber o noticiário que oferecem a seus leitores com mais renda e que a eles encara como simples massa de manobra de seus interesses políticos.
A única coisa apropriada ali é a “gracinha” com a carta de baralho. Porque tudo isso é, para eles, um jogo, e um jogo sujo.
Sujo e burro, porque não há um leitor humilde  que, ao ver aquilo, não compreenda, mesmo na sua simplicidade, o que é que estão fazendo.
Repito as palavras de Leonel Brizola: cuidado com tudo o que vem do império Globo. Nada ali tem compromisso senão com seus próprios interesses políticos e econômicos.

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