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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, julho 15, 2011

Chilenos voltam às ruas pela educação pública


   Santiago


(Prensa Latina) Estudantes, professores, organizações sociais e cidadãos em geral protagonizarão hoje no Chile uma nova mobilização nacional em demanda de educação pública e gratuita.

  "Amanhã marchamos SIM Ou SIM da Praça Itália. Se o governo quer outro percurso que marchem eles por aí", assinalou ontem à noite em sua conta de Twitter a presidenta da Federação de Estudantes da Universidade do Chile, Camila Vallejo.

A líder universitária ratificou desse modo a decisão dos estudantes de manter o percurso de anteriores marchas pela Alameda, da Praça Itália até a Praça dos Heróis; e não o caminho proposto pela Intendência Metropolitana, manobra para minimizar o alcance dos protestos, consideram.

Queremos convidar as famílias, as mães, os pais, os avós que também nos acompanharam nas marchas e a sociedade em geral a participar da convocação e a reafirmar nosso compromisso pela educação pública e gratuita, financiada pelo Estado, sublinhou Vallejo.

"Aqui contrapõem-se duas visões, uma que é a cultura do dinheiro e outra que é como fomentar um sistema de educação pública para o desenvolvimento do país", reflexionou a dirigente juvenil.

O movimento estudantil chileno recusou na semana passada a iniciativa do Executivo para o ensino superior por não introduzir mudanças estruturais profundas no sistema de ensino no país sul-americano, identificado entre os mais custosos e excludentes do mundo.

Para a Confederação de Estudantes do Chile (Confech) o Executivo optou pelo continuísmo do modelo a partir da lógica de subsídios sem regulação e da transferência de recursos de todos os chilenos aos empresários que lucram com a educação.

Longe de se garantir um direito fundamental, fica a mercê do mercado a qualidade educacional que recebem as crianças e jovens chilenos, enfatizou a Confech em declaração pública.

À marcha deste dia, convocada pela Confech e pelo Colégio de Professores, vão se aderir os estudantes secundários, a Central Unitária de Trabalhadores, os sindicatos da saúde e a Federação Nacional de Trabalhadores do Cobre, entre outros.

Ontem precisamente, em sinal de radicalização dos protestos, constituiu-se a Frente Social pela Educação que aglutina todas as forças da sociedade interessadas em recuperar o ensino público para o Chile.
*cappacete

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