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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, julho 15, 2011

Israelenses e palestinos se unem em manifestação por independência palestina

Manifestantes israelenses e palestinos em Jerusalém (Reuters)
Para calar a boca dos sionistas que acusam de anti-semita todo aquele que critica o estado terrorista de Israel 


Milhares de manifestantes israelenses e palestinos fizeram uma manifestação nesta sexta-feira em Jerusalém pela independência palestina, em um ato coordenado pelo grupo Solidariedade Sheikh Jerrach e comissões populares de palestinos de Jerusalém Oriental.
A manifestação reuniu cerca de 4 mil pessoas, começou no portão de Jaffa na Cidade de Velha e seguiu a linha divisória que separava Jerusalém ocidental da parte oriental da cidade antes da guerra de 1967.
Do portão de Jaffa os manifestantes seguiram até o portão de Damasco, ao longo das muralhas da Cidade Velha. De lá, foram para o bairro palestino de Sheikh Jerrach, onde colonos israelenses instalaram um assentamento em casas confiscadas de moradores palestinos.Os manifestantes exigem a criação de um Estado Palestino nas fronteiras pré-1967, com Jerusalém oriental como capital.
Os manifestantes levavam bandeiras palestinas e gritavam palavras de ordem, entre elas "judeus e árabes se recusam a ser inimigos".
A manifestação é considerada histórica, tanto pelo número sem precedentes de manifestantes dos dois lados como pela maneira como foi coordenada.
No passado já ocorreram manifestações conjuntas de ativistas israelenses e palestinos, mas o número de participantes não ultrapassou a casa dos centenas e os atos foram coordenados por lideranças pacifistas israelenses e lideranças palestinas.
Na manifestação desta sexta-feira a coordenação foi feita com comissões populares de moradores de Jerusalém Oriental;
Segundo os organizadores, "esta manifestação é um evento histórico na luta não-violenta para acabar com a ocupação".
"A manifestação prova que israelenses e palestinos são capazes de realizar juntos uma ação direta e não-violenta que terá um impacto importante nos eventos que acontecerão em setembro", afirmam porta-vozes dos ativistas, se referindo à reunião da Assembleia Geral da ONU.

Reconhecimento da ONU
O secretário da Liga Árabe, Nabil El Arabi, anunciou na quinta-feira que a organização irá pedir o reconhecimento da ONU ao Estado Palestino nas fronteiras de 1967.
O pedido será encaminhado ao Conselho de Segurança e à Assembleia Geral da ONU que deverá se reunir no próximo mês de setembro.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, declarou que "ainda prefere obter o Estado por intermédio de negociações com Israel".
Segundo Abbas, como as negociações estão congeladas, "não resta aos palestinos outro caminho exceto recorrer à ONU".
Segundo porta-vozes palestinos, 117 países dos 192 membros da ONU já prometeram que irão apoiar o pedido de reconhecimento da Palestina.
Israel e os Estados Unidos já anunciaram que são contra o pedido, o qual qualificam como "unilateral".

Europa e EUA
Nos últimos meses tanto os líderes palestinos como os israelenses vêm tentando convencer os países europeus a apoiar sua posição.
Ainda não se sabe como os principais países da Europa irão votar na Assembleia Geral da ONU.
Os Estados Unidos já prometeram a Israel que irão utilizar seu direito ao veto no Conselho de Segurança, portanto o Estado da Palestina não poderá ser aceito como membro integral da ONU.
O ex-embaixador dos Estados Unidos na ONU, John Bolton, que está visitando Israel, disse nesta sexta-feira que o reconhecimento da Assembleia Geral da ONU ao Estado Palestino "significa praticamente nada".
De acordo com a avaliação de Bolton, a Assembleia Geral certamente reconhecerá o Estado Palestino mas o veto americano impedirá que esse reconhecimento tenha um resultado prático.
Bolton afirmou ainda que Israel e os Estados Unidos "não deveriam levar isso (o reconhecimento da Assembleia Geral) tão a sério".
No entanto, apesar do veto americano, o presidente Abbas afirmou que irá prosseguir com seus esforços para obter o reconhecimento da Assembleia Geral, pois, segundo ele, uma votação da maioria dos países em favor da independência palestina "conferirá aos palestinos uma posição diplomática mais forte para negociar com Israel".
*cappacete

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