Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, abril 25, 2012

Advogado do torturador Ustra tem caráter similar ao do cliente


Desaparecido pode estar vivo, afirma advogado 
Folha de S. Paulo

O advogado Paulo Esteves, que defende Carlos Alberto Brilhante Ustra e Dirceu Gravina, afirmou que os dois negam a participação em torturas na ditadura militar e foram beneficiados pela Lei da Anistia, de 1979.

"O coronel Ustra sempre deixou claro que nunca participou de ato de tortura. Ele nunca admitiu que tivesse participado, tomado parte ou permitido isso", disse.

Ele também criticou o Ministério Público Federal pela estratégia de processar os clientes por sequestro no caso do desaparecimento do sindicalista Aluízio Palhano.

"Se eles não têm certeza de que a pessoa está viva ou morta, ela pode estar viva. A denúncia tem que dizer onde, como e quando. Se não há provas da morte, ele pode estar vivo e foragido", afirmou.

"No período da revolução [regime militar], um político influente no cenário nacional adotou outra identidade e se casou de novo. O cidadão aí [Palhano] também pode ter adotado outra família. Eu não sei", disse o advogado.

*esquerdopata

Nenhum comentário:

Postar um comentário