Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, abril 27, 2012

Trabalho escravo é encontrado em obras do governo de SP

 

 

Cinquenta trabalhadores foram resgatados em condições semelhantes às de escravos em ação do Ministério Público do Trabalho. Eles construíam casas da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) na cidade de Bofete. No interior de São Paulo, 50 trabalhadores foram resgatados em condições semelhantes às de escravos em ação do Ministério Público do Trabalho (MPT) nesta semana. Eles construíam casas da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) na cidade de Bofete. O governo paulista é o responsável pela obra, que é executada pela construtora Croma. Os operários não recebiam salários e equipamentos de proteção, não tinham direito a descanso semanal e intervalos para as refeições, é o que afirma o procurador do MPT na cidade de Bauru, Luis Henrique Rafael. “Eles [os trabalhadores] vieram do Piauí, do Maranhão e do Ceará no mês de fevereiro para trabalhar na obra da CDHU. Acontece que eles estavam até hoje sem receber um centavo pelo trabalho realizado e morando em condições de alojamento totalmente degradantes”. Durante 15 dias a Croma foi procurada para um acordo, mas alegou que a responsabilidade era de empreiteiros contratados para o serviço. Porém, o contrato era irregular, como explica o procurador. “Nós passamos a exigir que a Croma assumisse a responsabilidade pelos empregados e que pagasse os salários atrasados e as verbas rescisórias deles, que eles não queriam mais ficar trabalhando ali”. Uma ação civil pública foi movida contra a construtora e a CDHU. Logo após, a Justiça determinou o bloqueio de bens e contas da empresa e seus sócios. Nesta segunda-feira (23), a Croma procurou o MPT para assumir a responsabilidade pelo pagamento dos trabalhadores, que também receberão três meses de seguro desemprego e transporte para seus estados de origem. O MPT abriu uma investigação sobre as condições de salários e segurança no trabalho da construtora Croma nas obras do CDHU.
 Fonte: Radioagência NP / Portal Vermelho
*umpoucodetudodetudoumpouco

Nenhum comentário:

Postar um comentário