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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, abril 26, 2012

Patrocinador do futebol da Globo briga com o do Jornal Nacional para ver quem trata pior o consumidor

O páreo é duro. Se fosse no hipódromo, eles estariam disputando cabeça a cabeça para ver quem chega em primeiro na lista do Procon: Itaú Unibanco - patrocinador do futebol da Globo, da seleção brasileira (ou da Globo?) e da Copa de 2014 - e Bradesco - patrocinador do Jornal Nacional - se alternam no posto de número 1 em desrespeito ao consumidor no site do Procon.

Desde março, a lista é atualizada diariamente e está à disposição do consumidor no site do Procon-SP. No primeiro dia, o Bradesco liderava e o Itaú Unibanco estava em quarto. Mas o Itaú Unibanco não se entregou, reagiu, desrespeitou mais consumidores e agora está na ponta, jogando o Bradesco para um "humilhante" quarto lugar.

Até nas causas do desrespeito ao consumidor os dois se equivalem: são quase duas mil cobranças indevidas. Isso partindo dos dois maiores bancos privados do país, que lucram bilhões e bilhões cobrando taxas e juros os mais escorchantes do mundo.

Mas nada disso é informado pelo jornalismo da Globo. Como escrevi aqui outro dia:

Certamente, em nome dessa parceria, Ali Kamel e seus comandados chutaram pro alto o Código de Ética, lançado com pompa e circunstância pela Rede Globo, que, na Seção I, Item 1d afirma:

d) Não pode haver assuntos tabus. Tudo aquilo que for de interesse público, tudo aquilo que for notícia, deve ser publicado, analisado, discutido;


Ao não fazer a reportagem o Jornal Nacional mostra que é realmente parceiro de seus patrocinadores, desrespeitando seus clientes, consumidores, telespectadores.
*doMello

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