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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, maio 08, 2012

15M - VIVA A REVOLUÇÃO DA JUVENTUDE EUROPÉIA !

Por Eduardo Bueres
Este movimento que pretende e pode ganhar o mundo, é revolucionariamente exemplar e maravilhoso em muitos  aspectos; á começar pela nova tomada de consciência da novíssima geração de espanhóis que representa com o seu 15m o lado propositivo, o antídoto para a estagnação na qual a Espanha e a velha Europa estão mergulhadas até o pescoço. 
Segundo, em nível nacional, aponta o quanto é contraditória, surrealista e insuportável a relação da sociedade com a classe política, que apequenou e vulgarizou o papel transformador dos partidos tradicionais, especialmente os de esquerda que, quando assumem o governo, cumprem uma agenda de direita, por considerarem esse mecanicismo obrigatório quanto tarefa de estado.
Um exemplo disso é o cego aval transpartidário para o envolvimento nas modernas guerras travadas no oriente médio a partir dos interesses teracorporativistas dos Estados Unidos da América. 
Desta forma os partidos políticos europeus perdem a necessária credibilidade quanto eixo abstrato ideológico e transformador. 
O resultado disso é essa expressão de afirmação explosiva que busca  liberdade nas ruas e praças que assistimos compreensivos 
onde a juventude acampa para derramar suas lágrimas de frustração exigindo a refundação ou criação de uma nova ordem política verdadeiramente democrática continental 
que preserve os valores individuais em nível social, político, conjuntural e estrutural  dessas padecedoras nações europeias, sem perder a  esperança no futuro,
quando charlatões do tipo Aznar e Zapateiro,Sarkosy,Merkel,Berlusconi,
José Sócrates e alguns neo-socialistas portugueses, que cumpriram um mero papel de gerentes executivos dos interesses econômicos das corporações europeias e seus associados, tenham por força da suas próprias mediocridades, se transformados em peças de carroça de museu, depois de terem sido moralmente condenados no tribunal do futuro como criminosos sociais.
VIVA O 15M !
Texto e ilustração: Eduardo Bueres
*Blog militanciaviva
 

Indignados da Espanha pedem apoio político do Brasil


Integrantes do movimento apostam na interlocução com agentes públicos do país para fortalecer a organização, vista por governos e por parte da população como um grupo de protesto sem objetivos concretos. "Nas suas reuniões pelo mundo, quando ouvirem que o 15M não tem propostas, indiquem a leitura da nossa Demanda de Mínimos que está na internet", sugeriram ativistas ao governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, em Madri. A reportagem é de Naira Hofmeister, direto de Madri.

Madri - Eles não se sentem representados por partidos políticos e questionam até a atuação de sindicatos, mas viram em experiências de participação popular desenvolvidas pelo governo do Rio Grande do Sul elementos comuns a suas demandas. São Os Indignados, que questionam a agenda política que atende aos interesses de 1% da população ligada ao capital financeiro em detrimento dos outros 99%.
A crítica ao sistema foi exposta publicamente nas ruas da Espanha a partir de maio de 2011 e ganhou repercussão com os acampamentos em praça pública que inspiraram atos semelhantes em todas as partes do mundo.
Em Madri, onde manteve uma agenda política e econômica no primeiro final de semana de maio, o governador Tarso Genro se encontrou com integrantes do movimento - eles não admitem ser chamados de líderes, porque defendem uma organização horizontal.
O que era para ser uma troca de ideias, na qual Tarso se dispunha a ouvir críticas à estrutura tradicional dos partidos e outras bandeiras do grupo, se transformou em um convênio informal entre o governo do Estado e o 15M (o movimento também é chamado assim em alusão à sua data de fundação, 15 de maio). E em um ato de desagravo aos Indignados.
“Acampar se tornou ilegal na Espanha, a imprensa nos criminaliza, a polícia nos persegue. Precisamos de pronunciamentos em nível internacional para suportar isso. Queremos apenas falar dos problemas da sociedade e de como ela poderia ser”, explicou Javier Toret, um jovem catalão que participou da montagem da rede digital de descontentes que disparou a campanha “Toma as ruas” e que originou o 15M.
Ocorre que em razão da heterogeneidade de manifestantes e bandeiras, a força política do grupo - que calcula ter mobilizado 8 milhões de pessoas em toda a Espanha nos três primeiros meses de atuação - se diluiu um pouco. “Temos capacidade de construir uma alternativa, mas para isso precisamos de interlocutores em governos e na sociedade civil”, avaliou Raúl Sanchez, que ciceroneou o governador Tarso Genro pelo centro cultural comunitário La Tabacalera, onde ocorreu o encontro.
Os Indignados salientaram a importância de ter apoio internacional e formar uma rede de cidadania global diante das pressões que vêm sofrendo na Europa: eles temem, inclusive, uma repressão violenta no próximo 12 de maio, quando ocorrerá um grande ato em diversas cidades espanholas para marcar um ano do movimento. “Se tivermos esse tipo de problema, é muito importante divulgar em outros países”, exemplificou Toret.
“Também queríamos pedir que nas suas reuniões, quando ouvirem que o 15M não tem propostas, indiquem a leitura de Demanda de Mínimos que está na internet. São meia dúzia de documentos e estão direcionados tantos a socialistas como à classe média”, complementou a ativista Simona Levi.
Tarso se mostrou simpático à provocação democrática que o movimento propõe, mas não deixou de fazer observações críticas. “Quando vocês tomaram a praça para dizer '¡No nos representan!', foram notícia em todo o mundo, mas depois desapareceram porque propõem a radicalização do Estado de Direito. 

Como os argentinos, quando em 2001 saíram às ruas para pedir '¡Que se vayan todos!' – o problema é que se sai a política, ela é substituída pela burocracia e pelo capital, avaliou o governador.Movimento quer aproveitar modelo de participação popular
 

Tarso Genro
O governador gaúcho Tarso Genro se comprometeu a enviar para Os Indignados documentos que embasaram a construção do chamado Sistema de Participação Popular no Rio Grande do Sul. Trata-se de um conjunto de ferramentas que une desde a experiência do Orçamento Participativo, que dá às comunidades o poder de decidir prioridades nos gastos públicos em assembleias presenciais, até a Consulta Popular, no qual a população elege um projeto através de uma votação nas urnas e na internet.

Outro processo que integra o sistema chamou a atenção dos Indignados: o Gabinete Digital, com projetos como O Governador Pergunta e O Governador Responde, no qual dialoga virtualmente com a população, ou a Agenda Colaborativa, que recebe sugestões de pauta dos cidadãos via web.

“É preciso organizar um controle público sobre o Estado, implementar mecanismos de transparência e democratização da gestão para reduzir a força normativa do capital financeiro sobre os governos”, avaliou o chefe do executivo do Rio Grande do Sul.

Tarso ainda se comprometeu a encaminhar ao grupo relatórios sobre o Marco Civil da internet brasileira, texto que estabelece os princípios de uso da rede no país e que foi redigido quando ele era ministro da Justiça. Atualmente tramita no Congresso Nacional.

“Aqui na Europa se tende a restringir ao máximo o uso da internet. Estamos patrocinando apresentações para explicar aos eurodeputados que a rede é uma ferramenta para a democracia”, lamentou Simona.

O grupo se interessou ainda em receber informações sobre os projetos de economia solidária desenvolvidos no Brasil e no Rio Grande do Sul.
Carta Maior
 

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