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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 09, 2012

As desculpas de Gurgel

 

Autor: 

Ao não encaminhar as denúncias contra o senador Demóstenes Torres ao STF, o Procurador geral Roberto Gurgel permitiu a eleição de Demóstenes, de Marconi Perillo, atrapalhou as investigações na Operação Monte Carlo e deu uma sobrevida à organização criminosa.
Entre os seus críticos encontram-se:
1. Petistas, indignados com seu empenho contra Antonio Palocci e sua benevolência para com Demóstenes e que pretendem intimidá-lo no julgamento do mensalão.
2. Policiais experientes, sem nenhuma relação com o petismo, como Paulo Lacerda, que não aceitaram as explicações do procurador - de que não encaminhou as denúncias para permitir maiores investigações. Tivesse encaminhado a denúncia, as investigações sobre Demóstenes e outros intocáveis teriam sido aprofundadas.
3. Setores que se indignaram com as armações na Satiagraha - e que se colocaram contra estrelas do petismo que também torpedeavam a operação.
Ao tomar a parte pelo todo, atribuindo as críticas exclusivamente ao primeiro grupo, Gurgel falseia os fatos.
Que Merval Pereira recorra a esses argumentos falseadores, entende-se. Que o próprio Gurgel os encampe, é vergonhoso para o MPF.


Pede pra sair, Gurgel

O Procurador-geral da República, Roberto Gurgel, precisaria dar alguma explicação objetiva e bem fundamentada sobre o motivo pelo qual não pediu investigação ao STF sobre o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), quando recebeu o relatório da Operação Vegas, em 2009.

Ele não pode admitir que teria sido motivado por falta de confiança no ministro do STF Gilmar Mendes (devido a proximidade com Demóstenes, verificada no episódio do "grampo sem áudio"), pois isso geraria uma crise institucional com o Supremo. Mas poderia explicar melhor o que foi feito em conjunto com os Ministérios Públicos Federais do DF e de Goiás, e o que havia de frágil do ponto de vista jurídico na operação Vegas, para ainda não abrir investigação sobre o senador eleito pelo DEM.

O que ele jamais poderia fazer é politizar o caso, misturando coisas distintas que nada tem a ver na sua área de atuação, a jurídica. E ele politizou de forma escandalosa e inaceitável quando declarou:

"Eu tenho dito que na verdade o que nós temos são críticas de pessoas que estão morrendo de medo do julgamento do mensalão. São pessoas que na verdade estão muito pouco preocupadas com as denúncias em si mesmo, com os fatos de desvio de recursos e corrupção, e ficam muito preocupados com a opção que o procurador-geral tomou em 2009, opção essa altamente bem-sucedida. Não fosse essa opção, nós não teríamos Monte Carlo, nós não teríamos todos estes fatos que acabaram vindo à tona".

Ora, a revista Veja pode não ter compromisso público e recorrer a malandragem de usar o surrado "mensalão" como cortina de fumaça para esconder Carlinhos Cachoeira de sua capa, mas um Procurador-Geral da República jamais pode recorrer a este tipo de malandragem, devido a seu cargo e a seu notório saber jurídico, que sequer permite esse tipo de discurso rastaquera de políticos e jornalistas de oposição.

Se Gurgel não queria causar uma crise institucional com o STF, ele causou outra crise com outro poder tão legítimo quanto o STF, que é o Congresso Nacional.

Assim, Gurgel comporta-se como quem perdeu a sua capacidade de discernimento e de conseguir fundamentar explicações para seus atos, e é hora de pedir a aposentadoria e deixar o cargo para quem tenha mais gás e mais tenacidade para administrar situações delicadas como a possível resistência de ministros do STF em autorizar investigar Demóstenes a partir da Operação Vegas.

E não me venham falar que a troca de um Procurador-Geral prejudica o julgamento do "mensalão", porque se assim fosse, o ex-procurador Antonio Fernando de Souza, que formulou a ação, não poderia deixar o cargo antes do julgamento. Rei morto, rei posto. Outro Procurador-Geral fará  o mesmo papel de Gurgel. O processo do "mensalão" não depende de quem esteja no cargo, nem de CPI do Cachoeira, nem da quantidade de testes de hipóteses que já foi publicado na velha imprensa demotucana, depende apenas de provas objetivas. Qualquer nome que ocupar o cargo de Procurador-Geral se tem provas, exibirá (aliás já teria que ter exibido nos autos), se não tem, não há nada a fazer a não ser acatar a sentença inocentando aqueles que foram acusados por atos que não praticaram. 
*osamigosdopresidentelula

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