Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 24, 2012

CPMI: Silêncio foi arma de assassino e chefe do tráfico





Carlinhos Cachoeira não foi o primeiro acusado de crimes graves e de grande repercussão na sociedade a utilizar-se do direito de ficar calado para esvaziar os processos em que foram denunciados. 
Um dos casos mais famosos é o do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem. Assim como Cachoeira, o chefão da facção criminosa que controlava a favela da Rocinha era considerado um arquivo vivo de informações sobre a corrupção de policiais e políticos com quem se relacionava. No entanto, em janeiro deste ano, ele optou por se calar ao ser ouvido, via videoconferência, pelo juiz responsável por seu processo.
Outro notório criminoso que utilizou do mesmo precedente foi Lindemberg Alves, que manteve em cárcere privado a namorada, Eloá Cristina Pimentel, de apenas 15 anos, e um grupo de amigos da jovem durante cerca de 100 horas. Lindemberg, que respondeu por 11 crimes, entre eles o assassinato de Eloá, também escolheu ficar em silêncio no seu depoimento à Polícia Civil de São Paulo e na primeira audiência do caso, na qual foi interrogado.
Como diria o sábio, "não há roubo com barulho. O ladrão rouba em silêncio"
Jornal do Brasil*Mariadapenhaneles 

Nenhum comentário:

Postar um comentário