Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, maio 07, 2012

Manifestação cobra de Alckmin transformação de antiga sede do DOI-Codi em memorial a vítimas da ditadura

 


Por Rede Brasil Atual


O DOI-Codi foi um dos um dos principais centros da repressão do regime autoritário, que abrigou a Operação Bandeirante (Oban) – articulação entre militares e empresários para combater a oposição ao regime.




Para exigir que a 36ª Delegacia de Polícia Civil, localizada na Vila Mariana, zona sul de São Paulo, seja transformada em memorial para homenagear as vítimas da ditadura, manifestantes foram na quinta (3) até a porta da delegacia na rua Tutoia, onde funcionou o Destacamento de Operações de Informações-Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) cobrar do governador Geraldo Alckmin (PSDB) essa transformação.

O DOI-Codi foi um dos um dos principais centros da repressão do regime autoritário, que abrigou a Operação Bandeirante (Oban) – articulação entre militares e empresários para combater a oposição ao regime. Amélia Telles, ex-presa política que passou pelo DOI-Codi, contou como foram seus dias de horror. “Me arrastaram para esse pátio da Oban e disseram que eu tinha chegado no inferno. Depois disso era só tortura. Aqui fedia sangue, vômito, fezes.”

Cláudio Antônio Guerra, ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) – outro órgão ligado a repressão – disse em seu livro ‘Memórias de uma Guerra Suja’ que sob ordens militares incenerava corpos de militantes de esquerda em uma usina de açúcar em Campos dos Goytacazes, no norte do Rio de Janeiro. Ângela Mendes, viúva do jornalista Luiz Eduardo Merlino considera fundamental que a cede do antigo DOI-Codi seja transformada em memorial que “se possa estudar todas essas mortes e tudo que aconteceu durante a ditadura”, afirmou Ângela.

O vereador Ítalo Cardoso (PT), da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal, também apóia a transformação da delegacia em memorial. “Nós vamos fazer essa manifestação para que aqui seja um centro de referência da luta e não um centro que lembra a tortura.”
*umpoucodetudodetudoumpouco 

Nenhum comentário:

Postar um comentário