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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, maio 28, 2013

Criador da 1ª igreja rastafári é condenado por plantar maconha. Liberdade para Ras Geraldinho, preso político!

Geraldo Batista, o Ras Geraldinho, na sede da igreja rastafári com um pé de maconha; ele foi condenado a 14 anos de prisão por plantar maconha
Liberdade para Ras Geraldinho!



A primeira igreja rastafári do Brasil está vazia. Seu fundador, Ras Geraldinho --designação religiosa de Geraldo Antonio Baptista, 53,-- deve passar os próximos 14 anos preso por tráfico de drogas.

A sentença é resultado dos 37 pés de maconha --que o líder rastafári diz plantar para uso religioso-- encontrados pela Guarda Municipal de Americana em agosto de 2012 na sede da igreja, numa chácara da cidade a 127 km de SP.

Namorada de Ras Geraldinho, Marlene Martim, 50, diz estar perplexa com a decisão tomada pela Justiça neste mês. "A pena é maior do que para muitos assassinatos, estupros, sequestros", afirma.

Os guardas chegaram ao templo após deter dois jovens com maconha e vasos para o plantio da cânabis. Segundo o processo, eles indicaram a chácara como origem da droga.

Marlene nega. "Eles vieram aqui, contaram sobre a viagem que um deles fez, ficaram um tempo e foram embora."
Para Mauro Chaiben, um dos advogados de Ras Geraldinho, a condenação do líder rastafári vai contra as liberdades de consciência e religiosa, garantidas na Constituição.

"Tráfico pressupõe lucro, dinheiro, presença de armas, balanças de precisão, mas nada disso foi apresentado", diz.
A invasão à chácara no ano passado foi a terceira desde 2010. "Eles não tinham mandado, como em todas as outras vezes, e o Geraldo abriu a porta", diz Samir Gabriel Martim, 25, enteado do líder religioso.

Na sentença, o juiz Eugênio Augusto Clementi Júnior também determina a perda do imóvel, que deve ser transferido à União. "Sabíamos que o Ras seria condenado, pois os moradores de Americana conhecem a atuação rigorosa do juiz. Porém não tínhamos noção de que ele seria tão cruel", diz Marlene.

"Houve preconceito, intolerância religiosa e um conservadorismo que não enxergou os ventos que sopram no mundo na questão da descriminalização da cânabis."
O advogado cita trechos da sentença em que o juiz afirma que "se ele [Ras Geraldinho] quisesse seguir a religião deveria ir morar na Jamaica" (Que tal expulsarmos todos os protestantes para a Suíça e Alemanha, além dos judeus, muçulmanos, budistas, etc...) .

Para Daniela Skromov, coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública de São Paulo, a decisão "vai na contramão de toda a discussão mais contemporânea sobre o assunto."

Segundo ela, os 14 anos a que Ras Geraldinho foi condenado excedem o normal. "Nunca vi uma pena dessa para tráfico. Muitas vezes, o cultivo é uma opção da pessoa para não aderir ao tráfico", diz.

Não é o que pensa o jurista Ives Gandra Martins (Cardeal da TFP que diz estar havendo perseguição aos brancos no Brasil). Para ele, a alegação que a maconha seria usada em rituais da igreja não pode ser considerada. "Quando se fala de liberdade religiosa, se fala em religiões clássicas, em que existem critérios e valores a serem adotados", afirma. (Mais preconceito que isso é impossível) 


ATIVISMO

Com fala pausada, Ras Geraldinho é capaz de passar horas falando das propriedades medicinais da maconha e do rastafarianismo -religião que nasceu na Jamaica no início do século 20 e que usa a palavra Jah em referência a Deus.

Marlene diz o mesmo. "O juiz quis dar um recado para o ativismo canábico com essa condenação estapafúrdia e acabou nos unindo. Vamos até as últimas instâncias, com mais e mais 'soldados'."

salém 
*Cappacete

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