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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 29, 2013

Equador insiste que Reino Unido conceda salvo-conduto a Assange


O chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, antecipou nesta quarta-feira (29) que entregará um novo documento ao Reino Unido com fundamentação jurídica sobre a necessidade da entrega de um salvo-conduto ao fundador do Wikileaks, Julian Assange, asilado há quase um ano na Embaixada do Equador em Londres.


Julian Assange  Rafael Correa concedeu asilo político para o jornalista australiano no Equador
Patiño disse que um novo documento "de profunda análise jurídica", baseado no direito internacional humanitário já está pronto e que, na sua opinião, reforça as razões do Equador para insistir no salvo-conduto.

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"O governo do Reino Unido tem todas as atribuições e possibilidades de concedor o salvo-conduto", disse Patiño em entrevista à imprensa local ao antecipar, inclusive, a possibilidade de realizar uma viagem "muito curta" para entregar o documento e eventualmente visitar Assange pela primeira vez.

O titular da diplomacia equatoriana disse ter sido surpreendido pela falta do salvo-conduto. "Nos surpreende que tenha se passado um ano em que um país que respeita e defende os direitos humanos tenha sido insensível perante uma situação humanitária de um cidadão do mundo", disse. "Não é certo o governo britânico não oferecer um salvo-conduto", comentou, ao apontar que, na sua opinião, "o país está violando os direitos humanos de Assange".

O chanceler acrescentou que "insistirão que o governo britânico revise sua posição e já conceda o salvo-conduto". O governo britânico se nega a conceder um salvo-conduto para que Assange deixe a embaixada e insiste que é preciso extraditá-lo para a Suécia, onde é investigado por supostos delitos sexuais.

O fundador do Wikileaks, portal que divulgou milhares de dados diplomáticos confidenciais, especialmente americanos, nega as acusações de delitos sexuais e teme ser enviado desde Suécia aos Estados Unidos, onde está sendo julgado o soldado Bradley Manning, que já se declarou culpado por filtrar documentos.

Na semana passada, Patiño anunciou que está organizando algumas atividades para comemorar em 19 de junho o primeiro aniversário da chegada do australiano Assange à embaixada equatoriana em Londres.

*Rede Brasil Atual

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