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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 23, 2013

Ministra Helena Chagas defende regulação da mídia no País



Começou errado e passou a haver uma
interpretação de que qualquer
regulamentação dos meios, qualquer
iniciativa que versasse a esse respeito,
seria controle de conteúdo


  Constituição prevê que a mídia seja regulamentada, esse debate é inexorável e deve acompanhar a evolução tecnológica”. 
Assim defendeu a ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Helena Chagas, a regulamentação da mídia no Brasil, durante uma entrevista publicada na última edição darevista Meio & Mensagem – publicação dirigida ao mercado publicitário. 
A ministra esclareceu que estabelecer uma regulamentação sobre os meios de comunicação não implica em controle de conteúdo, mas sim em garantir mais “proteção ao cidadão”. 
‘Controle social da mídia’ virou uma espécie de clichê, uma expressão maldita. Tem gente que ouve e sai correndo. Não se pode ter controle de conteúdo. Isso não existe. Mas temos de regulamentar e elaborar uma legislação de proteção ao cidadão que se sentir atingido na sua honra e dignidade por acusações da mídia”, ponderou a ministra. 
Helena Chagas recordou que o debate sobre a regulação começou a ganhar projeção, em 2010, a partir do anúncio, pelo então ministro da Secom, Franklin Martins, de que o governo Lula estava desenhando um marco legal para o funcionamento dos meios de comunicação. 
Segundo ela, dada a proximidade das eleições discursos oportunistas se proliferaram e “enviesaram” a questão. “Começou um pouco enviesado, por conta do acirramento político, em um ano eleitoral. 
Começou errado e passou a haver uma interpretação de que qualquer regulamentação dos meios, qualquer iniciativa que versasse a esse respeito, seria controle de conteúdo. Não é. 
A imprensa é livre, não há controle de conteúdo, a própria Constituição proíbe isso”, afirmou. 
Na época, Franklin anunciou ter concluído um anteprojeto de lei disciplinando o tema, cujo conteúdo nem chegou a ser divulgado. 
Diversos veículos de comunicação e políticos oposicionistas acusaram o Partido dos Trabalhadores e o governo de censura. 
Acusação semelhante havia sido feita, anos antes, quando o então porta-voz de Lula, Ricardo Kotscho, encampou uma antiga reivindicação dos sindicatos dos jornalistas de criar um Conselho Federal de Jornalismo, com competência inclusive para analisar o comportamento ético de profissionais e empresas da área. 
“Essa discussão mistura tudo na mesma panela e estigmatiza o tema. É preciso tirar o estigma e discutir de maneira serena, tranquila, com o tempo que demandar”, finalizou a ministra. 
Verba publicitária 
Outro ponto esclarecido pela ministra Helena Chagas na entrevista foi a distribuição da verba publicitária. 
O assunto suscitou críticas até mesmo entre os apoiadores do governo, que consideraram muito generosos os repasses para grandes veículos de comunicação, em especial à Globo. 
Em 2011, o governo gastou R$ R1,79 bilhão, segundo dados do Instituto de Acompanhamento da Publicidade (IAP). 
A cifra faz do Executivo brasileiro o maior anunciante do País, atualmente. 
A regionalização, conforme as explicações da ministra, foi a responsável pelo extraordinário aumento do número de veículos contemplados com propaganda federal, nos últimos anos. Em 2000, eles não passavam de 500 veículos. 
Hoje, há mais de 8 mil cadastrados na Secom. Mesmo assim, Helena Chagas defende a “regionalização”, que, para ela, não deve ser vista como sinônimo de “pulverização”, e sim de “democratização do acesso às mensagens do governo, à comunicação”. 
A ministra ainda destacou que tem sido frequentemente procurada por representantes de mídias alternativas, especialmente da internet, que reivindicam estímulos e benefícios do Governo. 
Ao que Helena Chagas tem respondido que a solução mais adequada para o segmento não está necessariamente na verba publicitária, “investimento que aplicamos com o objetivo de obter resultados, não uma doação”; mas, sim, de possíveis “financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)”. 
ENVIADA POR: NOGUEIRA JUNIOR
do Blog do SARAIVA

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