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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 29, 2013

PMs que assassinaram jovem em cemitério são absolvidos. Existe justiça para o povo neste país?


No julgamento os policiais que mataram jovem em 2011 foram inocentados mesmo com testemunho de professora que estava no local
 PMs foram soltos logo após veredito.
 (Foto: internet.)
Na última quinta-feira, dia 23, os PM’s que executaram um jovem, Dileone Lacerda Aquino, em março de 2011, no cemitério Parque das Palmeiras em Ferraz de Vasconcelos, foram absolvidos por júri popular.
Já no dia seguinte ao julgamento o promotor público Sérgio Ricardo de Almeida pediu a anulação do júri e a designação de um novo julgamento dos PMs. Para o promotor, o "veredicto dos jurados foi manifestamente contrário à prova dos autos".
Os PMs, Felipe Daniel Silva e Ailton Vital da Silva foram absolvidos por quatro dos sete jurados. Os policiais estavam presos desde abril de 2011. A justificativa apresentada pelo advogado de defesa é que os policiais agiram em legítima defesa contra Dileone, que supostamente teria roubado uma van com medicamentos na companhia de outros dois criminosos.
Este caso teve repercussão nacional, pois foi denunciado por uma professora que presenciou a execução. Ela estava no cemitério na hora do ocorrido e ligou para o 190 e descreveu tudo em tempo real. "Olha, eu estou no Cemitério das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos e a Polícia Militar acabou de entrar com uma viatura aqui dentro do cemitério, com uma pessoa dentro do carro, tirou essa pessoa do carro e deu um tiro. Eu estou aqui do lado da sepultura do meu pai." (transcrição da conversa ao telefone no dia e na hora do assassinato).
A professora e sua irmã, que também testemunhou o crime, fizeram o depoimento de maneira sigilosa sem a presença dos réus e da audiência, De acordo com o promotor de acusação, “elas viram o crime, viram que a vítima estava algemada e não reagiu ao receber o disparo", o que contrasta com a versão dos policiais que alegaram que Dione teria tentado segurar a arma dos policiais antes de levar um tiro na barriga.
A inocência destes policiais, evidentemente é uma farsa, em primeiro lugar porque além da testemunha, os casos de assassinato de inocentes pela PM paulistana são a regra e não a exceção. A alegação de morte seguida de resistência por parte do “suspeito” é utilizada em 99% dos casos em que pessoas são mortas pela polícia.
A Polícia Militar é uma máquina de execução de pessoas. Os polícias matam principalmente a população pobre e negra e depois apresentam um boletim de ocorrência falando que foi “resistência seguida de morte”. É necessário exigir a dissolução da PM e que a segurança seja feita pelas organizações populares e pelos próprios trabalhadores.

Para ver vídeo com a denúncia de execução, clique aqui.



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