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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, agosto 14, 2013

Mujica recomenda aos jovens "amarem-se mais e consumirem menos"



O presidente José Mujica recomendou hoje aos jovens da América Latina sobrepor o amor ao consumo para serem felizes, ao encerrar um fórum regional celebrado com o apoio da ONU e outros organismos, como preparação para a I Conferência de População e Desenvolvimento de América Latina e Caribe.
“Não permitam que lhes roubem a juventude, deve haver mais tempo para o amor e menos preocupação com o consumo”, disse o chefe de Estado, diante de um auditório de dezenas de jovens da latinoamérica que participaram do “Forum Regional: Agenda de Desenvolvimento e Investimento Social na Juventude”.
O encontro foi preliminar à I Conferência de População e Desenvolvimento de América Latina e Caribe, viabilizada pelo Fundo de População da ONU (FPNU), iniciada nesta segunda e que culminará na próxima sexta, em Montevidéu.
“Todos buscamos o desenvolvimento, todos buscamos melhorar, mas não se deve melhorar às custas da liberdade. Sejam livres, sejam felizes, mantenham o espírito rebelde da juventude”, afirmou Mujica, gerando uma ovação dos presentes. “Pertenço a uma geração que sonhou com mudar o mundo”, acrescentou o mandatário uruguaio, recordando seu passado de líder revolucionário do movimento guerrilheiro Tupamaro.
O presidente também exortou os jovens a ser “tolerantes na diversidade”. As jovens gerações devem ser “mais tolerantes com o diferente, com as discrepâncias, e mudar os padrões culturais conservadores”, assinalou Mujica.
O ministro uruguaio de Desenvolvimento Social, Daniel Olesker, garantiu, por sua parte, que é “fundamental escutar” os jovens, em especial os que vivem em contextos sociais “difíceis”, para então “elaborar políticas públicas úteis”.
Mujica, em uma reunião com um alto funcionário da ONU, também chamou a “escutar mais os jovens e lhes permitir experimentar”.
Estudo
No fórum foi divulgado um estudo segundo o qual a delinqüência e a violência representam a maior preocupação dos jovens ibero-americanos, seguida pelas drogas e o alcoolismo.
A I Pesquisa Iberoamericana de Juventudes “O futuro já chegou” foi realizada pela Organização Iberoamericana da Juventude (OIJ), com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). A sondagem abrangeu quase 20 mil jovens entre 15 e 29 anos de 21 países ibero-americanos e 33% dos entrevistados disse que a delinqüência e a violência é sua maior preocupação, seguida do uso de drogas e do alcoolismo (20%) e a falta de empregos (16%).
*Notícias da América Latina

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