Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, agosto 21, 2013

Operação 7 de setembro da direita 

 


Com a chamada jornada de junho, a direita nativa ganhou coragem para ir às ruas – como atestaram várias cenas fascistoides contra as forças de esquerda
20/08/2013
Altamiro Borges
Em sua coluna de domingo (18), em O Globo, o “imortal” Merval Pereira deu a pista. Após expressar os seus temores com o julgamento do “mensalão do PT”, ele apostou suas fichas nas “grandes manifestações que estão sendo convocadas em todo o país para comemorar o Dia da Independência na visão da cidadania”.
Um rápido monitoramento na internet revelou de qual “cidadania” o jornalista gosta. Uma tal “Operação 7 de setembro” está sendo organizada com forte influência de setores da direita nativa.
Até o momento, segundo os organizadores, há 162 protestos agendados, incluindo todas as capitais. A mobilização não tem nada de “espontânea”. A página do grupo é bem profissional – com um vídeo incendiário, áudios e outros recursos multimídias. As bandeiras da “Operação 7 de setembro” explicam a alegria do colunista global: “prisão dos mensaleiros”; “fim do voto obrigatório” e “reforma tributária”, entre outras propostas que agradam tanto os setores conservadores da sociedade. 
Para os mentores dos protestos, a reforma tributária deve “desonerar a folha de pagamento das empresas, acabar com a contribuição do salárioeducação e parte da contribuição patronal para a Previdência Social”. 
Em dezenas de páginas no Facebook, a postura fascistoide dos organizadores da “operação” fica ainda mais explícita. Vários deles pedem “ditadura militar, já”; “fora os petralhas corruptos”; “fechamento do Congresso Nacional”. 
Há, também, mensagens progressistas por mais educação, saúde e justiça social, mas elas são minoritárias. No caso da convocação do ato para Brasília, alguns insinuam com provocações durante a parada militar do 7 de setembro. 
Com a chamada jornada de junho, a direita nativa ganhou coragem para ir às ruas – como atestaram várias cenas fascistoides contra as forças de esquerda. É bom ficar esperto!
**Brasildefato

Nenhum comentário:

Postar um comentário