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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 09, 2015

Fiesp faz seminário em SP para incentivar empresários brasileiros a investir em Cuba


Ministro de Comércio Exterior cubano afirmou à plateia formada por executivos que país vê investimento estrangeiro como "oportunidade importante"
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) organizou um seminário nesta quinta-feira (07/05) intitulado "Novas Oportunidades e investimentos em Cuba" para mais de 200 pessoas. No evento, o ministro do Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro cubano, Rodrigo Malmierca, apresentou os benefícios  financeiros da ilha cubana para o empresariado brasileiro. “Não vemos o investimento estrangeiro como um mal necessário, mas como uma oportunidade importante para nós”, afirmou Malmierca ao público.
EFE

Malmierca, ao lado de Paulo Skaf, presidente da Fiesp, tirou dúvidas dos empresários sobre mitos de investimentos na ilha
De acordo com o ministro cubano, as novas mudanças em curso em Cuba — como a retomada de diálogo com os EUA e a paulatina abertura comercial e a criação da zona econômica especial no porto de Mariel — fazem parte de uma política do governo presidido por Raúl Castro para “atualização do modelo econômico”.

No seminário, o ministro cubano destacou que a crise econômica a que a ilha foi submetida nos anos 1990, quando parou de receber importantes subsídios dos soviéticos com o desmantelamento do bloco, “está no passado” e já foi superada.  “Temos relações comerciais com 75 países e o PIB cresceu uma média de quase 5% nos últimos anos”, celebra. “Mas precisamos de investimento estrangeiro para que essa taxa continue a subir”, admite.

Para comprovar que Cuba é um ambiente propício para os negócios e para quebrar estigmas, o ministro pontuou os benefícios da ilha, como seu posicionamento geopolítico, as vantagens do elevado nível educacional e a consequente alta qualificação da mão-de-obra cubana.

Ismael Francisco/ Cubadebate

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EFE

Malmierca aponta vantagens de abertura cubana a empresariado brasileiro na Av. Paulista


Alguns obstáculos – admite – são as restrições de liquidez que o governo cubano enfrenta, assim como o embargo comercial e financeiro imposto pelos EUA no início da década de 1960.

Para Malmierca, o tema do processo de normalização das relações com as autoridades norte-americanas “está na moda”, mas que, concretamente, nada mudou. “Normalizar as relações significa o fim do bloqueio econômico. Isso não acontecerá de forma rápida, não é magia”, diz.

Efetivamente, o estímulo de entrada de capital estrangeiro é organizado por meio de uma “Carteira de Oportunidades”, que oferece quase 250 projetos em mais de 10 setores para desenvolver a infraestrutura industrial, fomentar a matriz energética, além de promover uma substituição de importações por uma política de diversificação de exportações na ilha caribenha.

Patrícia Dichtchekenian/Opera Mundi

Placa contra o embargo econômico norte-americano, instalado na província de Matanzas, próxima à Havana


“Temos o potencial muito maior para desenvolver com o Brasil. Tratamos o país com carinho. É difícil encontrar alguém mais parecido com um cubano do que um brasileiro, salvo o portunhol”, brinca Malmierca, que chegou a São Paulo após uma visita a Brasília, onde conversou com políticos sobre investimentos em Havana.

No evento, o brasileiro Alexandre Carpenter, co-presidente da Brascuba Cigarrilhos S.A., empresa cubano-brasileira de charutos fundada em 1995, ressaltou a alta capacitação dos cubanos na indústria. “É um triunfo que só esse país tem. Acho que se vocês quiserem investir em Cuba, o momento é agora. Eu não deixaria para depois, porque logo chegam os americanos”, sugeriu à plateia.

Evandro Daltro, da construtora OAS, disse a Opera Mundi que foi ao seminário por curiosidade, afirmando ser importante ficar atento às necessidades de infraestrutura, como a construção de hotéis na ilha. “Fiquei surpreso. Não imaginava que a mão-de-obra cubana fosse tão especializada, muito mais do que em outros países da América do Sul. Isso é de fato um atrativo”.

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