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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 04, 2010

7.O único País cuja diplomacia deve ser considerada por Israel são os EUA.








Ataque a navio matou 19 e não 9; corpos foram jogados no mar

Ahmadinejad e Chávez exigem suspensão de bloqueio a Gaza

"Netanyahu estava certo: o mundo está contra nós"



Gideon Levy - Haaretz



Gideon Levy - Haaretz

Chegou o momento de tirarmos o chapéu para as previsões que o primeiro ministro Benjamin Netanyahu provou serem acuradas; suas profecias se tornaram verdade diante de nossos olhos. Agora podemos orgulhosamente declarar que nosso governo é dirigido por um homem de visão, um estadista que antevê o futuro. Até os seus maiores críticos não podem negá-lo; os fatos falam por si mesmos.

Netanyahu disse que o mundo inteiro estava contra nós. Não estava certo? Ele disse também que vivemos sob uma ameaça existencial. Não está começando a parecer que sim? Dê mais um minuto e a Turquia estará em guerra conosco também. Netanyahu disse que não há chance de acordo com os árabes. Isso não é evidente? Nosso primeiro ministro, que vê o perigo à espreita em toda travessia e inimigos esperando em cada esquina, que sempre ensinou que não há esperança, que martelou em nossas cabeças que devemos viver para sempre com as espadas em mãos (assim como seu pai historiador lhe ensinou), sabia do que estava falando.

Não tivemos ninguém como ele desde David Ben-Gurion. Ele é um profeta genuíno, cujas predições se tornaram verdade, uma após a outra – alguém que realmente pode estar orgulhoso de sua missão. Chega de piada, chega de ridículo. Pois Netanyahu não é somente um profeta. Sua liderança sacudiu um país inteiro. Não há mais quem o impeça de realizar sua visão, e em breve os especialistas escreverão que Netanyahu estava certo.

Este país tem agora um capitão cego no cockpit, conduzindo seus passageiros vendados com precisão exemplar ao destino por ele visto. Se houvesse algum objeto de seu alarmismo ainda não confirmado antes desta semana, ele veio com o ultrajante ataque apoplético da flotilha; e também esse objetivo estava previsto no pacote.

Se alguém ainda tivesse um vislumbre de esperança em que nosso piloto não estivesse totalmente cego, em que ele tivesse algum dispositivo especial de visão, veio sua declaração de que o bloqueio a Gaza iria continuar. Deixe o mundo e a sabedoria e Gaza irem para o inferno e, incidentalmente, Israel também – esse pequeno vislumbre de esperança junto. Depois que as facas e serras tomadas no Marmara tiverem sido publicamente exibidos, poderemos então convencer a nós mesmos de uma vez por todas que há de fato um perigo nos espreitando em toda travessia; uma operação da AlQaeda em todo barco, armas em todo deck – e inclusive que o Marmara era uma ameaça existencial e nada menos, exatamente como nosso líder previu.

É claro, ninguém pedirá para ver as armas que os ativistas supostamente usaram para atirar, ou a cena do vídeo em que os soldados israelenses são vistos atirando, ou as fotografias confiscadas dos jornalistas. Para nós, as imagens da grande surra que o porta-voz do Exército Israelense relatou são suficientes.

Uns sete bilhões de seres humanos (menos os em torno de 5 milhões que são judeus israelenses) estão errados. Eles não tiveram um líder como Netanyahu, e é por isso que seguem achando que atacar passageiros em águas internacionais é um ato de pirataria, em nada diferente daqueles cometidos pelos piratas da Somália. Eles acham (erradamente, é claro) que Israel não tem o direito de interceptar uma frota de barcos, que as vítimas são o povo de Gaza e os passageiros feridos, não o comando naval que atacaram o navio e foram derrotados; e que os agressores foram aqueles que desceram de helicópteros no deck do navio, matando 9 civis à queima-roupa e ferindo dúzias.

O mundo está errado e Netanyahu, conosco a reboque, está certo. Não vamos acabar com o bloqueio. Por quatro anos ele só deu prejuízos e nenhum benefício sequer, mas o que isso importa? Tolice! Vamos é dar conta da visão de Netanyahu. Vamos nos tornar um país ainda mais desprezível e não nenhum amigo nos restará no mundo, nem mesmo os Estados Unidos. É verdade que foi o predecessor de Netanyahu, Ehud Olmert, que começou essa destruição terrível com a Operação Chumbo Fundido (“Cast Lead”), depois da qual o mundo passou a ser intolerante com todo comportamento violento de Israel, mas Netanyahu está seguindo seu próprio padrão.

A despeito de tudo isso, essa visão ainda não foi completamente realizada. Ele deu espaço a uma esperança: uma “paz econômica” que traria prosperidade aos palestinos e israelenses. Mas como não houve ainda sabotador maior das exportações israelenses do que Netanyahu, brevemente tudo o que se produz aqui terá de ser vendido fora dos limites de Petah Tikva. Até os profetas têm o direito de errar, às vezes, mas ele teria feito melhor se não tivesse mais dado lugar a qualquer esperança.

Quase metade dos israelenses quer uma comissão de inquérito, de acordo com uma pesquisa publicada ontem (31/05). Pode-se entender que é só porque nossos soldados foram atacados e humilhados. Por que, o que mais há a ser investigado? Afinal, nós temos um estadista profeta cujas predições estão se confirmando, uma após a outra, e a redenção (não) está chegando a Sion.

Tradução: Katarina Peixoto
do Brasil Mostra a tua cara

02 Junho 2010

Os dez mandamentos da política externa israelense



Por Andre Araujo - Nssif

1.Todo grupo, entidade, movimento, organização que tentar ajudar o povo palestino deve ser classificado como terrorista.

2.Israel não faz acordos, não cede, não transige, não negocia com qualquer proposta que considere algum direito ao povo palestino.

3.Israel não toma conhecimento de qualquer resolução condenatoria da ONU, da OECD, da OTAN ou de qualquer outro organismo que se manifeste contra Israel.

4.Israel desconsidera a validade de qualquer pressão internacional sobre atos praticados pelo seu Governo e pelas Forças de Defesa de Israel.

5.Qualquer ação militar de Israel, não importa com que força ou consequencias, deve ser considerada dentro do direito de Israel a se defender.

6.Israel não pode ser criticado pelo uso de força não importa em que proporção em relação a qualquer outro adversario.

7.O único País cuja diplomacia deve ser considerada por Israel são os EUA.

8.Israel deve declarar continuamente que é a unica democracia do Oriente Medio, desconsiderando que seus sucessivos governos são resultantes de composições cada vez mais à direita e cada vez mais fundamentalistas.

9.Os interesses de Israel estão acima do Direito Internacional.

10.Os interesses de Israel estão acima dos conceitos de direitos humanos assim considerados.


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