Talvez não haja nada que nos leve tanto à reflexão quanto um dia cansativo de trabalho e luta. Aqui em Brasília, onde a gente se sente mais só, isso é ainda mais forte. Por isso, para registrar o 30° aniversário do PDT, fui buscar algo que me liga ao passado, me liga exatamente ao tempo em que nasci. Para outros, talvez ligue ao tempo em que eram jovens como eu – vou me permitir isso, apesar da dor nas costas, tá?
E uma tolice acharem que nós, jovens, não nos ligamos ao passado. Não. É a única maneira de permanecermos jovens, de permanecermos abertos às novas ideias, de permanecermos vivos.
O problema é que não podemos viver só dele.
Eu sou neto de Leonel Brizola, ótimo. É uma honra, mas é também um julgamento pessoal e familiar como todos nós fazemos em relação as pessoas queridas que marcaram nossas vidas. Foi um avô presente, o quanto pôde; carinhoso, o quanto sabia ser, e rígido, o quanto julgava justo ser.
Mas o que devo a ele não é apenas honrar sua memória. E muito menos é isso o que me prende ao meu povo, ao meu país e à minha geração.
O que me une mais profundamente a ele é o desejo de agir para transformar a realidade.
Por isso, o que trago aqui para lembrar os 30 anos do PDT é algo que aconteceu um ano antes, quando antigos remanescentes do trabalhismo se juntaram a jovens (entre eles, Dilma Rousssef) que combateram, com o risco das próprias vidas, a ditadura militar, se reuniram para retomar um nome, uma sigla – que afinal perderam num golpe judicial – mas, acima de tudo retormar um sonho de um país justo, democrático e que caminhasse para um socialismo ao nosso jeito: tropical, moreno, libertário.
Aos que partilharam este desejo e que, por isso, nunca se foram, porque permanecem em nossas lutas presentes, a melhor homenagem, que é lembrar o que fizeram.
do Brizola Neto
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