Não é mais José Serra. É Zé Ladeira
— Sânscrito
Rio: Dilma, Crivella e Cabral lideram
Jornal do Brasil
NA FRENTE – Só 6% o acham ruim
Pesquisa do Ibope realizada entre os dias 19 e 21 de maio mostra que a pré-candidata do PT à Presidência venceria com folga em todas as regiões do estado do Rio de Janeiro A pesquisa do Ibope encomendada pelo Sindicato dos Condutores da Marinha Mercante divulgada hoje, como revela o Informe JB, traz algumas outras novidades sobre a intenção dos eleitores no Rio de Janeiro. Além da vantagem de 17 pontos sobre José Serra (PSDB), seu principal adversário na corrida ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff lidera em todas as regiões fluminenses – capital, metropolitana e interior, com pouca variação, entre 46% e 41%, com maio força entre os cariocas.
A petista perde força à medida que sai da capital (46%, 43% e 41%), enquanto que o tucano Serra vem em ascensão da ponta para dentro. Ele é mais forte no interior (36%), tem 29% na metropolitana e 21% na capital.
Contudo, perde para Dilma em todas as regiões.
Marina Silva teria 10% dos votos, mesmo percentual de brancos e nulos entre os eleitores do Rio de Janeiro. No estado, apenas 8% dos eleitores declararam não saber em quem irão votar para presidente.
Aliados na frente
O levantamento estimulado aponta vantagem do governador Sérgio Cabral (PMDB), que concorre à reeleição, com 43% das intenções de voto, sobre o ex-governador Anthony Garotinho (PR), que ficou com 21% das intenções, e Fernando Gabeira (PV), com 12%. Mas apesar de a pesquisa sinalizar que Cabral, aliado de Dilma no estado, poderia vencer no primeiro turno, o número de eleitores que não sabem em quem votar para governador é grande. Somados, chegam a 23%.
Deste total, 12% disseram que se as eleições fossem hoje votariam em branco ou anulariam seus votos. Já 11% dos entrevistados admitiram que ainda não sabem em quem votar para o Palácio Laranjeiras.
Apenas 1% preferiu não responder à pergunta.
GABEIRA – Preferido na classe A
Enquanto Cabral aparece no levantamento como o preferido do povão – tem 45% dos votos dos que ganham de 1 a 2 salários mínimos, e 28% dos que ganham o mínimo -, o deputado Fernando Gabeira é o escolhido da chamada classe A: 48% dos eleitores que ganham entre 5 e 10 mínimos.
Nas classes C e D, Cabral rivaliza com Garotinho. O ex-governador tem 34% das intenções de votos entre os eleitores que recebem até 1 salário mínimo, contra 28% de Cabral, entre a mesma faixa salarial. O levantamento foi realizado antes de o TRE-RJ tornar Garotinho inelegível por três anos, por abuso de poder econômico (o ex-governador recorreu da decisão).
Senado Se a eleição fosse hoje, o senador Marcelo Crivella (PRB) e o ex-prefeito Cesar Maia (DEM) estariam disparados na frente dos adversários (26% e 24%, respectivamente). Os eleitores de Crivella estão nas classes C e D, entre os que ganham de 2 a 5 salários, 31% o reelegeriam.
Dos que ganham 1 e 2 salários mínimos, 29%.
Maia é o preferido da classe A: teria 30% dos votos dos que recebem mais de 10 mínimos. O ex-prefeito abre vantagem sobre Crivella na capital, onde foi apontado por 26%, contra 19% que votariam no senador. Porém, na periferia e no interior, Crivella desponta (30% e 32%, respectivamente, contra 22% e 25% de Maia nessas regiões).
Em terceiro lugar no levantamento, o ex-prefeito de Nova Iguaçu Lindberg Farias (PT) – que registrou 8% das intenções de voto na pesquisa – teve desempenho parecido tanto entre os que ganham mais de 10 mínimos (10%) quanto entre os que recebem até um salário (9%).
Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Rio que também é pre-candidato à vaga pelo PMDB, contaria com 20% dos votos dos eleitores da classe A.
Atrás de Picciani, o ex-deputado Marcelo Cerqueira (PPS) aparece empatado com o ex-pagodeiro Vaguinho, hoje evangélico, que entrou na disputa pelo PTdoB: ambos estão com 2% das intenções de voto.
A margem de erro na pesquisa (registrada no TSE sob o número nº 12414/2010) é de 3%.
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46 % dos eleitores da capital votariam em Dilma, se a eleição fosse hoje
21 % dos cariocas, porém, seguiriam com o tucano José Serra
14 % dos eleitores na cidade do Rio iriam optar por Marina Silva
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* Empate – 31% não votariam em Crivella de “de jeito nenhum”; outros 31% votariam “com certeza”; 24%, “poderiam votar”
*Rejeição – 38% não votariam em Cesar Maia “de jeito nenhum”, contra 27% que votariam “com certeza”; e 24% “poderiam votar”
* 76% dos eleitores do Rio disseram ao Ibope que não saberiam em quem votar se as eleições fossem hoje. Este índice corresponde ao levantamento espontâneo, sem nenhum candidato sugerido
01/06/2010 - 09:50h Dilma nada de braçada no Rio
Informe JB – Jornal do Brasil
A MAIS RECENTE PESQUISA IBOPE não deixa dúvida de que Dilma Rousseff entrou em ascensão também no estado do Rio. E com ampla vantagem: nada menos que 17 pontos separam a pré-candidata do PT à Presidência, líder na pesquisa, do tucano José Serra. Na estimulada, Dilma tem 44%, contra 27% de Serra, em segundo, e 10% de Marina Silva (PV), em terceiro. Os números da espontânea também surpreendem. A petista lidera com 19%, 11 pontos à frente do tucano. Para o governo do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) lidera com folga e venceria no primeiro turno se a eleição fosse hoje. Tem 43%, seguido de Anthony Garotinho (PR), com 21%, e Fernando Gabeira (PV), com 12%. Para o Senado, Marcelo Crivella (PRB) e Cesar Maia (DEM) lideram, com 26% e 24% respectivamente, no cenário da estimulada. Lindberg Farias (PT) surge em terceiro, com 8%, e Jorge Picciani (PMDB) em seguida, com 4%.
Indecisos
Chama a atenção índice na espontânea para a Presidência no estado: 51% dos entrevistados não sabem em quem votar.
Terceiro grau
Dilma tem a preferência dos que têm curso superior – 45%. Nesse grupo, Serra surge na preferência de 26% no estado.
Mister (W.) M.
A grande surpresa é Wagner Montes (PDT). Ele mudaria o cenário. Incluído na lista, na estimulada aparece em segundo (21%), atrás de Cabral (35%) e à frente de Garotinho (16%). Na espontânea, empata com Gabeira em 3º (2%).
Dentro e fora
Cesar Maia é mais forte na capital, com 30% – 48% dos seus votos vêm da cidade e região metropolitana. Crivella lidera na metropolitana e interior, de onde extrai 62% de seus votos.
Cenário
A pesquisa foi encomendada pelo Sindicato dos Condutores da Marinha Mercante e registrada no TSE (nº 12414/2010.). Foram ouvidas 812 pessoas entre os dias 19 e 21 maio. Margem de erro de 3%.
Postado por Luis FavreGoverno vai dar Bolsa Família para 46 mil moradores de rua
Serão 300 mil benefícios, incluindo também quilombolas
Catarina Alencastro –
BRASÍLIA. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome vai começar a distribuir o Bolsa Família para 46.078 moradores de rua identificados nas cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes. Com base em levantamento feito pelo IBGE, cerca de 300 mil bolsas serão destinadas a eles e a quilombolas, ribeirinhos e indígenas. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome já atende a população de rua em um programa piloto em Belo Horizonte.
A ideia do governo é atacar esses “bolsões de pobreza” agora de forma mais consistente.
Hoje, 14,3 milhões de famílias (49 milhões de pessoas) recebem Bolsa Família.
O governo admite que é mais difícil cadastrar e acompanhar essas populações, porque todos os beneficiários têm que ter um endereço fixo para referência.
No caso das populações de rua, os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAs) poderão ser as referências desses beneficiários. Mas valerá até um abrigo ou restaurante popular que frequentem.
— Há uma preocupação com o cadastramento para que possamos acompanhálos.
Muitos casos também têm que ser atendidos pelo serviço de saúde, por estarem associados à dependência química e a transtornos mentais — disse a ministra Márcia Lopes.
As contrapartidas valerão para todos. Em caso de famílias com crianças, elas têm que ser assíduas na escola e ter acompanhamento médico. Grávidas são obrigadas a fazer o pré-natal.
Para cada criança na escola, o benefício é ampliado. O beneficiário também pode ser sozinho.
Neste caso, ganha a renda básica de R$ 68 mensais.
Mais acesso a serviços e menos analfabetismo Ontem, o ministério informou que houve uma melhora no acesso dos participantes do programa a saneamento e abastecimento de água. Em setembro do ano passado, 65,7% dos beneficiários contavam com água encanada e 54,2%, com rede de esgoto ou fossa séptica. Em 2005, esses percentuais eram de 63,7% e 50,6%, respectivamente. Ainda assim, se comparada à cobertura média no país, o atendimento ainda é baixo.
A baixa escolaridade também é regra entre os receptores do benefício do governo.
Ao todo, 82,1% dos beneficiários ou são analfabetos ou não concluíram o ensino fundamental.
Enquanto entre os atendidos pelo Bolsa Família a taxa de analfabetismo chega a 16,7%, no Brasil é de 9%. Entre 2007 e 2009, no entanto, o número de responsáveis pela família que não sabiam ler caiu de 17,3% para 13,1%. Também houve aumento no número de beneficiários que procuraram se matricular no ensino médio para retomar seus estudos de 13,2% para 17,6%.
A renda dos beneficiários também aumentou, em média, de R$ 48,69 por pessoa da família (antes de começar a receber a bolsa) para R$ 72,42. São famílias que saíram da extrema pobreza (R$ 70 por pessoa da família), mas permanecem pobres (R$ 140 por pessoa da família).
— O beneficiário passa de extrema pobreza para pobreza.
Mas, (mesmo passando) de pobreza a não pobreza, o valor ainda é insuficiente — diz Lúcia
01/06/2010 - 08:01h Bolsa Família eleva em quase 50% a renda dos extremamente pobres
Gilberto Costa Repórter da Agência Brasil
Brasília – O benefício pago pelo Programa Bolsa Família eleva a renda da população atendida em 48,7%. O dado consta do Perfil das Famílias Beneficiadas pelo Programa Bolsa Família (PBF), análise divulgada hoje (31) pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
O estudo calcula que a média nacional da renda familiar per capita (total da renda dividido pelo número de pessoas no domicílio) sem os benefícios pagos pelo programa é de R$ 48,69. Com o aporte, essa média passa para R$ 72,42, acima da linha da extrema pobreza (miséria) calculada em R$ 70.
O programa paga benefícios variáveis conforme o tamanho da família, número de crianças e adolescentes na escola. Os valores vão de R$ 22 a R$ 200. O pagamento é feito pela Caixa Econômica Federal a partir do cadastro das prefeituras municipais.
De acordo com o MDS, a renda per capita dos atendidos pelo Bolsa Família é maior nas regiões mais ricas, mas o impacto é maior nas regiões mais pobres. No Sudeste, a renda é de R$ 82,27; no Sul, a renda chega a R$ 85,07; e no Centro-Oeste, a renda fica em R$ 84,22. No Norte e no Nordeste, apesar do aporte de recursos, a média é abaixo da linha de pobreza: R$ 66,21 e R$ R$ 65,29; respectivamente.
Ainda segundo o ministério, o efeito geral do Bolsa Família foi diminuir o tamanho da população em extrema pobreza que era de 12% para um patamar de 4%. A pesquisa foi feita com base nos dados de setembro de 2009.
Cerca de 49 milhões de pessoas formam as famílias beneficiadas pelo programa, a maior parte dessas pessoas (56,17%) tem até 17 anos.
A pesquisa sobre o perfil das famílias beneficiadas ainda revela que 70% dos beneficiados vivem em área urbana, em domicílios que declaram ser próprio (61,6%), sobretudo em casas (92,6%). Nos últimos anos, esses domicílios melhoraram de condição física. De 2005 para 2009 caiu o número de residências que não tinham tratamento de água, luz, esgoto e coleta de lixo.
Atualmente nove de cada dez domicílios contam com coleta de lixo; 67,8% têm escoamento sanitário e 83,9% têm abastecimento de água por rede pública. De acordo com a secretária nacional de Renda e Cidadania, Lúcia Modesto, apesar da diversidade regional e da condição da pobreza em vários lugares, a desassistência desses serviços ainda é parecida em vários estados.
Segundo a secretária, nos últimos anos, cerca de 4 milhões de famílias deixaram de ser atendidas pelo PBF, 80% delas porque tiveram a renda elevada; o que demonstra, segundo Lúcia Modesto, que o programa “tem porta de saída”.
De acordo com a ministra do Desenvolvimento Social, Márcia Lopes, até o final do ano, o Bolsa Família quer atender 12,9 milhões de famílias. Atualmente atende 12,4 milhões. O crescimento do programa irá permitir a inclusão de 48 mil famílias de moradores de rua, ribeirinhos, indígenas e de bolsões de pobreza ainda não inscritos no programa.
Edição: Lílian Beraldo
Postado por Luis Favreentrevistas esclarecedoras sobre o ataque de Israel a barcos humanitários
‘Um comportamento estúpido’
Entrevista ANAT LAPIDOT-FIRILLA
TEL AVIV. A professora israelense Anat Lapidot-Firilla, do Centro de Estudos Estratégicos da Universidade Hebraica de Jerusalém, não hesita em criticar a ação militar israelense que resultou em mortos e feridos. Especialista no relacionamento entre Israel e Turquia, a professora acredita que o caso pode chegar à Corte Internacional de Haia
O GLOBO: Como o incidente com a flotilha vai influenciar a imagem de Israel no mundo?
ANAT LAPIDOT-FIRILLA: Com certeza, a pressão sobre Israel vai aumentar, tanto em termos populares como em organizações e instituições internacionais como as Nações Unidas. O país vai passar a ficar ainda mais isolado. Com certeza, governos cujos cidadãos foram mortos ou feridos tentarão acionar Israel na Justiça internacional.
Pode chegar até mesmo ao Tribunal Internacional de Haia. O que pode acontecer, também, é um aumento drástico nos ataques contra israelenses e comunidades judaicas pelo mundo. Toda vez que acontece algum incidente, com ou sem razão, isso ocorre. E, desta vez, foi mesmo um incidente grave.
O comportamento de Israel foi, no mínimo, estúpido.
Que erros Israel cometeu?
LAPIDOT-FIRILLA: Muitos! Não sei até que ponto o ministro da Defesa, Ehud Barak, entendeu que poderia atuar em águas internacionais, e dessa maneira. Ele tinha de saber que toda essa ação era parte de uma guerra de relações públicas, por isso tinha que ser respondida com relações públicas, e não militarmente, levando a essa tragédia.
Infelizmente, Israel se encontra numa espécie de apatia mental.
Não consegue entender como o resto do mundo pensa.
Como ficará o relacionamento entre Israel e Turquia, que já está na corda bamba?
LAPIDOT-FIRILLA: Vai piorar ainda mais. Há um estrago real no relacionamento entre os dois países, que já estava se corroendo nos últimos dois anos. Tudo vai depender, agora, de como Israel vai se comportar. Mas é um estrago de imagem e também diplomático.
Pode chegar a uma guerra entre os dois países?
LAPIDOT-FIRILLA: Não. É muito exagerado e cedo para pensar nisso.
Os dois países não têm interesse ou motivação para isso, pelo menos neste momento. Os israelenses têm que entender que a política turca é muito clara, sistemática.
A Turquia quer se estabelecer como a potência hegemônica da região, e Israel não gosta muito disso. Existe aqui uma luta de forças.
O que a Turquia quer é se posicionar diferentemente no mundo como um ator internacional. E o esquema da Turquia com o Brasil e o Irã é a prova disso.
Como isso tem a ver com esse comboio marítimo?
LAPIDOT-FIRILLA: A Turquia tent a estabelecer uma política internacional baseada em ética, e não na realpolitik. O objetivo é colocar elementos de ética, moral e justiça com o partes integrantes da política internacional.
Segundo os turcos, o mundo não pode se manter calado enquanto Israel faz o que quer com os palestinos, como se fosse o fortão do bairro.
A Turquia é responsável por esse comboio? Qual a ligação do país com a flotilha?
LAPIDOT-FIRILLA: O barco principal da flotilha, o maior de todos, é de uma empresa ligada ao partido governista turco. Mas o governo turco foi quem decidiu promover essa viagem.
Também não foi o patrocinador.
Mas com certeza apoiou os manifestantes, moralmente. O governo viu essa ação como abençoada, como bem-vinda. (D.K.)
***
‘As famílias estão apreensivas’
Entrevista W. ROESCH-METZLER
BERLIM. Autora do livro “Ohne Wasser, ohne Land, ohne Recht” (“Sem água, sem terra e sem direito”), sobre Gaza, Wiltrud RoeschMetzler (vice-presidente da ONG católica Pax Christi, co-organizadora do comboio de navios atacado por Israel), disse ao GLOBO que a comunidade internacional não pode ficar indiferente à violência militar contra civis desarmados.
Graça Magalhães-Ruether
: A senhora já tem informações sobre o paradeiro dos políticos que levavam ajuda a Gaza em nome da ONG católica Pax Christi?
WILTRUD ROESCH-METZLER: Desde hoje (ontem) cedo tentamos entrar em contato com o nosso pessoal que estava no navio Mavi Marmara.
Até agora, sabemos apenas que houve 10 mortos (a versão oficial de Israel) e uma dúzia de feridos. Mas não sabemos quem são as vítimas. As famílias dos passageiros do navio estão muito apreensivas.
Nós já sabíamos que a missão era arriscada, mas em ocasiões anteriores, Israel apenas confiscava os barcos e devolvia os passageiros aos seus países de origem.
Os navios encontravamse em águas internacionais quando foram abordados. A escalada da violência é motivo de preocupação.
Eram pessoas desarmadas, motivadas por ideais pacifistas, que admitiam o próprio risco para levar ajuda a pessoas em dificuldades, à população da Faixa de Gaza.
O governo de Israel havia adiantado que não deixaria os navios passar.
ROESCH-METZLER: Sim, sabíamos disso. Também em outras ações semelhantes o governo dizia o mesmo mas, apesar disso, já conseguimos levar a ajuda até a população de Gaza. Eles ficam muito animados quando recebem a nossa ajuda, porque veem que o resto do mundo não os esqueceu.
Poderia dizer alguma coisa sobre a carga dos navios?
ROESCH-METZLER: Os navios carregavam apenas produtos para ajudar à população palestina. Nós enviamos peças pré-fabricadas para a construção de casas, cadeiras de roda elétricas, equipamentos hospitalares e alimentos.
Os seis passageiros alemães, entre eles as deputadas federais Inge Höger e Annette Groth, deveriam voltar amanhã para a Europa.
Quais são os principais problemas em Gaza?
ROESCH-METZLER: A população vive há três anos em uma prisão coletiva.
São 1,5 milhão de pessoas em uma pequena faixa, de 8 quilômetros de largura por 40 quilômetros de comprimento.
Um estudo da União Europeia revela que um problema grave é também a sub-nutrição da população, 50% de crianças abaixo de 18 anos de idade. Mesmo quem acompanha de perto a situação não entende direito a política de Israel. Um dia, proíbe a entrada de macarrão na região; no outro, a entrada de leite ou carne. Não há nenhuma segurança de fornecimento de alimentos. Muitas das pessoas que ajudamos são vítimas da guerra ocorrida dezembro de 2008 até janeiro de 2009. São pessoas que ficaram paralíticas e sofreram graves queimaduras durante os bombardeios.
Por que as diversas tentativas, por último até do Brasil, não resultaram num efeito concreto, como o fim do boicote?
ROESCH-METZLER: Na minha opinião, porque todas as negociações feitas até agora não pressionam Israel o bastante. Nas negociações do Quarteto, do qual faz parte a União Europeia, é exigido o fim da violência do Hamas, mas de Israel não é exigido o fim do bloqueio.
Com a ação dos navios para Gaza, queríamos também chamar a atenção do mundo para uma tragédia dos palestinos em Gaza que ocorre silenciosamente, mesmo quando o assunto não está mais nas páginas dos jornais.
Postado por Luis Favre
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