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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, junho 10, 2010

Nostalgia a parte

De Makeba a Shakira

A sul-africana ( nascida em Johanesburg) Mirian Makeba só foi famosa por que existia o apartheid e ela, além de cantora era ativista política ? A fama dependeu basicamente dos tempos daquela época: "Eu sou eu e minhas circunstancias", e as circunstancias criam os heroismos de cada tempo histórico ? Makeba foi expulsa e teve a cidadania cassada pelos brancos africaners de Pretória, tornando-se apátrida. Foi para os EUA pela mão de Harry Belafonte e lá casou-se com o líder dos Panteras Negras, Stockley Carmichael, o inimigo número um do establishment oficial norteamericano. Até morrer recentemente, nunca deixou de ser uma grande ativista política. Mas se não fosse a sua música, ela não tinha sido nada; esta é a verdade. Os mass media é que deixaram de divulgar as suas gravações, que não são datadas e que hoje não fariam mais sucesso. Teriam, sim. E' só mencionar ela cantando Pata-Pata, música que ficou sendo "A" sua música. Soube que hoje houve um show antecedendo a abertura da Copa Mundial de Futebol, amanhã, e quem encerrou a cantoria foi uma tal de Shakira ( é assim que se escreve ?) Vi um pouco no noticiário da tevê poucos minutos do show, impressionantemente igual a todos os shows dos tempos de hoje, com aqueles autômatos balançando as mãos de um lado para o outro. E' lobotomia; só pode ser. Os cabelos dessa Shakira são até bonitos; mas não consegui saber o que ela gritava. E ela usava uma cauda de avestruz, que Deus do Céu.... A gente merecia era Mirian Makeba.




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