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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, junho 08, 2010

Serra, que chegava a pagar R$ 5 mil para mandar embora famílias nordestinas de São Paulo






Serra, agradeça a Lula: nordestino já não precisa ir para SP para ter trabalho

O ex-governador José Serra deveria fazer um baita agradecimento ao presidente Lula e à ex-Ministra Dilma Roussef. Graças ao programa Minha Casa, Minha Vida, que fez explodir a construção de habitações no Nordeste, os nossos irmãos nordestinos, pela primeira vez, não têm que buscar o Sul do país para conseguir trabalho. A manchete do jornal Valor Econômico de hoje mostra que, agora, o que acontece é falta de mão de obra na região na construção civil: faltam pedreitos, eletricistas, bombeiros hidráulicos e até engenheiros para tocar as obras.

Serra, que chegava a pagar R$ 5 mil para mandar embora famílias nordestinas de São Paulo, como você pode ver nesta matéria de 2006 da Folha Online, agora pode se “preocupar” menos com nossos irmãos que imigram para aquele grande estado. Pela primeira vez na história, o Nordeste tem uma participação na geração de empregos no país (30,87%, na área da construção civil) superior à seu peso na população do país (28%). Há dois anos era a metade.

Nos últimos quatro anos, o crédito imobiliário cresceu 71% e o consumo de cimento em 9,3%, os maiores índices registrados em todo o país.

Se uma parte da elite paulista não fosse tão tacanha conseguiria entender o que está escrito no prório brasão do Estado. Lá, há uma frase em latim: Non ducor, duco. Quer dizer: “Não sou conduzido, conduzo”. Mas São Paulo tem que passar a olhar esta frase de um jeito diferente do que as suas elites sempre fizeram. Conduzir não quer dizer inchar, enquanto os outros murcham. Conduzir é ser líder e entender que o progresso harmônico do Brasil só gera mais progresso e qualidade de vida para os próprios paulistas.

Brizola Neto

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