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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, junho 07, 2010

SS errasó se SFerra






Tucanogate terá que ser explicado na Justiça

O episódio do Tucanogate fez água com o desafio do jornalista Amaury Ribeiro Júnior de ser acareado com o araponga que fez denúncias à Veja, mas a mídia ainda tentará lhe garantir uma sobrevida, o que aumenta a necessidade de interpelar os responsáveis.Vejam como foi importante a decisão do PT de ingressar na Justiça comum para que Serra confirme a acusação de que Dilma seria a responsável por um suposto dossiê contra ele, em lugar de ficar inerte, como em outras agressões.

Abastecido por seus aliados midiáticos, Serra achou que poderia crescer com o episódio, acusando Dilma de práticas que sempre foram suas, como mostrou a matéria do Correio Braziliense de 2002, descoberta pelo Azenha e que postei ontem no Tijolaco.com, e de seus aliados de sempre, os demos. Todos devem se lembrar que a cada crise política o ex-senador Antonio Carlos Magalhães ameaçava com um dossiê, que na verdade nunca deixava de ser um blefe.

Desmascarar esse episódio do suposto dossiê contra Serra tem uma importância política significativa. Seria uma forma de enterrar uma prática arcaica e corrupta, que só desacredita a política brasileira. Herdada de antigos coronéis e da ditadura, ela foi adaptada e modernizada, mas com os mesmos fins: destruir o inimigo por meio de manobras traiçoeiras e covardes, ao invés de enfrentá-lo no campo das ideias.
Demos e tucanos continuam tentando tratar os processos eleitorais na Justiça e na polícia, fugindo do debate político e de apresentar claramente seus projetos para o país. Escondem-se em imagens desenhadas por marqueteiros, mas sempre acabam revelando sua identidade maligna.

Repito o que disse, é indispensável que a campanha de Dilma não dê mole. Essa gente, do mundo da arapongagem, não merece nem bom dia. Foi sorte que estivesse ali um jornalista experiente, o Amaury Ribeiro, que, ao que tudo indica, tomou precauções que se pode imaginar a partir de sua afirmação de que pode provar “diálogo por diálogo” tudo o que se passou naquele encontro. Vocês, como eu, devem estar fazendo idéia do que ele tem para mostrar ao fazer um desafio assim.

Acho que o mau olhado que puseram em cima da Dilma, com esta história de dossiê, virou um “galho de arruda” para quem a plantou.

do Tijolaço

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