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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, setembro 07, 2010

BRICS - Brasil, Russia, India e China na pole




Brasil é o 3º país preferido do investidor

Ao ultrapassar os Estados Unidos em lista da Unctad, País fica atrás somente da China e da Índia entre as prioridades das multinacionais

Jamil Chade – O Estado de S.Paulo

O Brasil superou os Estados Unidos e toda a Europa e já é o terceiro destino favorito de multinacionais que planejam realizar investimentos até 2012. Os dados foram anunciados ontem pela Conferência da ONU para o Comercio e Desenvolvimento (Unctad), a partir de uma pesquisa feita anualmente com 236 empresas multinacionais e 116 agências de promoção de investimentos pelo mundo.

Segundo o levantamento, empresas multinacionais apostam em uma alta importante no fluxo de investimentos no mundo nos próximos dois anos. Mas a crise deixou seu legado. Para as multinacionais, nove dos 15 países preferidos nos próximos dois anos para investir estão nas regiões emergentes.

Pela primeira vez desde que o levantamento começou a ser feito, há dez anos, os quatro países dos Bric (Brasil, Rússia, India e China) estão entre os cinco locais preferidos pelo setor privado para investir. O Brasil se destacou por um interesse cada vez maior das multinacionais pela produção de matérias-primas (commodities) e pelo mercado doméstico brasileiro.

Com base em um crescimento mundial de 3% em 2010 e de 3,2% em 2011, a ONU estima que os investimentos das multinacionais devem ficar em US$ 1,2 trilhão em 2010. O movimento pode chegar a US$ 1,5 trilhão em 2011, passando para algo entre US$ 1,6 trilhão e US$ 2 trilhões em 2012.

Depois de dois anos de queda, grande parte da expansão deve ser atribuída a uma alta no numero de fusões e aquisições. Já o investimento em novas fábricas e produção ainda deve ser limitado. Diante da crise mundial, a taxa de investimento caiu em 50%.

Das mais de 230 multinacionais que participaram do levantamento, mais de 100 apontaram a China como uma prioridade em seus investimentos. Em segundo lugar vem a Índia, com pouco mais de 70 empresa.

O Brasil vem na terceira posição, uma acima da classificação que havia obtido em 2009 e com 70 empresas indicando o país como sua prioridade. O Brasil superou os EUA, que aparecem pela primeira vez na quarta posição.

A lista dos cinco primeiros colocados na avaliação das múltis é completada pela Rússia, com menos de 40 multinacionais a colocando como prioridade. O México aparece na sexta colocação, seguido pelo Reino Unido, Vietnã, Indonésia e Alemanha.

“O resultado da pesquisa mostra a atratividade dos países em desenvolvimento e que essas empresas estão confirmando os mercados emergentes como prioridade, em detrimento dos países desenvolvidos”, afirma a Unctad em seu relatório.

“Diferentes níveis de desempenho econômico no mundo após a crise moldaram as perspectivas de investimentos no mundo. As regiões em desenvolvimento se mostraram mais resistentes a crise que os países desenvolvidos”, diz o relatório.

Resistência. O estudo ainda mostrou que a crise não foi tão destrutiva aos investimentos quanto se imaginava. Apenas 18% das empresas entrevistadas se desfizeram de unidades de produção ou venderam parcelas de seus conglomerados. Mas a mudança mais profunda foi a transformação no destino dos fluxos de investimentos.

Segundo as respostas das 230 multinacionais, nove dos quinze locais preferidos para realizar investimentos entre 2010 e 2012 estão nas regiões emergentes. O grande destaque é a Ásia. Dos 15 destinos preferidos de investimentos no mundo, seis estão no continente asiático.

O FMI estima que os emergentes receberão investimento de US$ 294 bilhões em 2010, comparado a US$ 274 bilhões em 2009. Já o Instituto de Finanças Internacionais apresenta outra conta e aponta que o volume de capital aos emergentes chegará a US$ 435 bilhões no ano. Em 2009, foi de US$ 347 bilhões.

Matérias-primas. O grande interesse nos emergentes é pelo setor primário e de commodities. Segundo a Unctad, o setor de recursos naturais conseguiu manter os mesmos níveis de investimentos dos últimos anos, apesar da crise. Já o setor automotivo, de produtos químicos e eletrônicos sofrem com uma produção acima da capacidade de consumo dos mercados ricos. O resultado foi um grande corte nos investimentos.

Mas os países emergentes também aparecem cada vez mais como origem de investimentos. Entre os 20 investidores mais promissores em 2010, quase metade eram países em desenvolvimento. O primeiro lugar ainda é dos EUA. Mas a China já vem em segundo, com a Índia em sexto e os russos no nono lugar.

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