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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, setembro 03, 2010

Economia brasileira descolou de vez da dos Estados unidos






Economia brasileira descolou de vez da dos Estados Unidos


IBGE: alta de 8,9% no PIB semestral é a maior da série

ALESSANDRA SARAIVA, IRANY TEREZA E SABRINA VALLE

RIO – A alta de 8,9% Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro semestre deste ano ante igual semestre do ano passado foi a mais forte elevação para todos os semestres da série histórica das Contas Nacionais, iniciada em 1996. A informação foi confirmada hoje pela gerente da Coordenação das Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis.

Segundo ela, a expansão recorde teve como destaque a indústria, que mostrou bom desempenho no período, com alta de 14,2% no PIB do primeiro semestre ante o primeiro semestre de 2009. No entanto, ela fez uma ressalva. “É importante destacar que estamos comparando este período com o recorde negativo do PIB semestral” disse, lembrando que, no primeiro semestre de 2009, o PIB caiu 1,9% ante igual período em 2008. Ou seja: o resultado está sendo influenciado por uma base de comparação mais fraca.

Investimentos

A taxa recorde de 26,5% de investimentos – ou Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – registrada no segundo trimestre de 2010 ante o mesmo período de 2009 foi afetada pela baixa base de comparação, segundo afirmou Rebeca. No segundo trimestre do ano passado, a FBCF havia registrado queda de 16,0% – recorde de baixa no índice, iniciado em 1996.

“A base de comparação é muito baixa, mas (o índice) cresceu mais agora do que havia caído”, afirmou. Segundo Rebeca, os investimentos já superaram o patamar do terceiro trimestre de 2008, quando se iniciou a crise financeira mundial. Naquele trimestre, o número índice ficou em 162,6 na série encadeada que se inicia em 1996, com o ano de 1995 como base. O índice ficou em 166,9 no segundo trimestre de 2010, depois de ter recuado para 131,8 no segundo trimestre de 2009.

Consumo

A economia interna continua aquecida e contribuindo para o crescimento do PIB em relação ao trimestre anterior. “Em todos os setores de demanda, as taxas continuam positivas”, disse Rebeca. Mas, enquanto o crescimento do consumo das famílias desacelerou, saindo de uma alta de 1,4% no primeiro trimestre de 2010 para 0,8% no segundo, o consumo da administração pública aumentou, passando de 0,8% para 2,1% no mesmo período. “A aceleração no consumo da administração pública é explicada pela época de eleições nas esferas federal e estadual”, afirmou.

Importações

A alta de 38,8% registrada nas importações de bens e serviços no segundo trimestre de 2010 em relação ao mesmo período de 2009 foi influenciada por uma alta dos investimentos, segundo Rebeca. Ela explicou que foram destaques na pauta de importação no período itens que podem ser considerados, em parte, investimento, como automóveis, caminhões, equipamentos elétricos e material elétrico.

A taxa de crescimento das importações (38,8%) foi mais de cinco vezes superior à das exportações (alta de 7,3%, na mesma comparação). Segundo Rebeca, o resultado foi influenciado pela variação da taxa de câmbio no período. No segundo trimestre de 2010, o câmbio estava em R$ 1,79, na média trimestral das taxas de compra e venda. Já no segundo trimestre de 2009, a taxa estava em R$ 2,07.

Agropecuária

A agropecuária mostra uma trajetória de recuperação este ano, em comparação com o cenário observado no ano passado, na avaliação de Rebeca. “Tivemos um ano (passado) muito ruim para a agropecuária, em todos os setores, praticamente. Mas agora, este ano está bem diferente”, disse Rebeca. Ela fez a observação ao destacar a alta de 11,4% no PIB da agropecuária no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado.

*Viomundo

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