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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, setembro 02, 2010

Lula inaugura grafite gigante em prol da criança na fronteira


Presidente Lula durante visita ao viaduto de acesso ao Paraguai   . Foto: Ricardo Stuckert/Agência Brasil

Lula posa em frente a painel estilizado de Jesus Cristo
Foto: Ricardo Stuckert/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou na quarta-feira a Foz do Iguaçu, inaugurou nesta quinta o Marco de Proteção de Crianças e Adolescentes da Tríplice Fronteira, um grande paredão onde o grafite é usado como arte nas divisas entre Brasil, Uruguai e Argentina. O marco está localizado no principal acesso de Foz do Iguaçu à Ponte da Amizade, na fronteira brasileira com a paraguaia.

A Hidrelétrica de Itaipu tem vários projetos nessa área e foi da empresa a ideia de grafitar o viaduto com o tema proteção a crianças e adolescentes. Segundo a coordenadora de Projetos Sociais de Itaipu, Rosângela da Silva, o local será utilizado para discussões do tema, com a participação das três nações.

Artistas plásticos dos países estão há semanas trabalhando com as crianças da região para mostrar, por meio da arte, a indignação com a violência infantil e trabalhar a autoestima de menores atendidos pelos projetos sociais apoiados pela hidrelétrica.

A expectativa, de acordo com a coordenadora, é de que o local seja o maior espaço em quilômetros grafitados, com chances de constar no Guinness Book (livro dos recordes). A tela gigante tem 3,5 km de extensão. Ao visitar o local, Lula deixou uma imagem grafitada.

*portalterra



O fortalecimento da família para o desenvolvimento de criança

Presidente Lula grafita Marco de Proteção de Crianças e Adolescentes da Tríplice Fronteira, em Foz do Iguaçu, durante inauguração do monumento. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Durante cerimônia de abertura do seminário Latino-Americano da Rede de Acolhimento Familiar (Relaf), nesta quinta-feira (2/9), num hotel em Foz do Iguaçu (PR), o presidente Lula destacou a importância de se fortalecer a família para assegurar o desenvolvimento das crianças. Segundo ele, famílias desestruturadas comprometem o futuro dos filhos. No discurso, o presidente lamentou o fato de muitos pais abandonarem os filhos, quando o mais correto seria dedicar tempo para uma conversa que resultasse na compreensão dos problemas enfrentados pelos menores. Lula lembrou também que o governo vem agindo no combate ao crack:

Buscamos uma forma de a gente combater o crack e não permitir que caia nas mãos de crianças mais vulneráveis. Acho que esse é o compromisso a ser tirado deste encontro. Uma campanha para acabar com o crack.

Lula informou que o governo federal destinou R$ 410 milhões para programa de combate à droga. Ele pediu que os governadores e os prefeitos sejam aliados nessa cruzada. O presidente iniciou o discurso com destaque ao “compromisso do governo brasileiro de garantir a proteção integral a essa parcela mais vulnerável da população, que são as crianças e os adolescentes”.

Todos aqui sabemos que a família é o ambiente mais favorável ao desenvolvimento completo de uma criança. E não há dúvida de que ela exerce influência decisiva na formação dos indivíduos. É por isso que temos defendido a necessidade de dar apoio cada vez maior às famílias, conforme preconizado no Estatuto da Criança e do Adolescente, que completou 20 anos de existência em julho. A convivência familiar e comunitária deve ser articulada com outros direitos sociais, como saúde, educação, esporte, cultura, lazer, profissionalização, entre outros.

Ouça a íntegra do discurso do presidente:

O presidente contou sua experiência familiar para ilustrar a importância do fortalecimento da família. Ele contou que dona Lindu, sua mãe, sempre procurou cuidar dos oito filhos. Ele disse que foi o único dos irmãos a ter uma formação profissional e, deste modo, teve a primeira geladeira, o primeiro aparelho de TV e casa própria.

Quando os direitos de meninos e meninas são violados – seja por agressão física ou psicológica, seja pela negação de suas necessidades básicas – o nosso próprio futuro fica comprometido. É necessário o empenho de toda a sociedade – governos, empresas, igrejas, sindicatos, movimentos sociais, organizações não-governamentais – para defender com o máximo rigor os direitos das nossas crianças e adolescentes.

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