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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, setembro 05, 2010

Maconha no ar. Na TV, propaganda pró-consumo pela primeira vez

Maconha faz a cabeça de políticos no ostracismo


Maconha no ar. Na TV, propaganda pró-consumo pela primeira vez

Na americana Califórnia, nesta sexta, 3, foi apresentada a primeira publicidade televisiva para promover o uso terapêutico da maconha, informa o jurista Wálter Maierovitch. Lá, está em debate a aprovação de um projeto de lei que libera drogas e permite ao Estado faturar com impostos.

1. Ontem, na Califórnia, foi apresentado o primeiro spot televisivo para promover o uso terapêutico da maconha.
O anúncio foi transmitido pela rede de televisão KTXL, uma afiliada da Fox.
No vídeo de 30 segundos aparecem brancos e afro-americanos a falar a respeito dos benefícios do consumo de maconha para fim médico-terapêutico.
Além da fala, aparece nas tela escrito com explicações a respeito da utilidade da maconha no tratamento daqueles que sofrem de diabetes, hipertensão, hepatite etc.
A inserção não agradou os que são contrários à lei californiana que permite às pessoas, mediante receita médica, adquirirem maconha para uso terapêutico.


PANO RÁPIDO.

Prossegue na Califórnia o debate para aprovação do projeto de lei que libera drogas, com o Estado a faturar os tributos.
Enquanto isso, reuniu-se a autodenominada Comissão Global para as Políticas das Drogas.
Essa comissão é guiada por Fernando Henrique Cardoso, César Gaviria (que presidiu a Colômbia ao tempo dos grandes cartéis de Escobar, Orejuela etc) e Ernesto Zedillo (presidiu e quebrou economicamente o México, num período que apenas a economia dos cartéis foi próspera).
A comissão entendeu, como primeira proposta aprovada, declarar que a política de guerra às drogas faliu.
Grande descoberta. Certamente, ficará marcada na história da humanidade essa contribuição de FHC, Gaviria e Zedillo. Uma conclusão inédita que só os três (que criminalizaram o consumo de drogas nos seus governos) e a torcida do Flamengo sabiam.

Marina no colo da direita

Reproduzo artigo de Emir Sader, publicado em seu blog no sítio Carta Maior:

No Forum Social Mundial de Belém, em janeiro de 2009, Marina propagava que ela seria o Obama da Dilma. Já dava a impressão que as ilusões midiáticas tinham lhe subido à cabeça e que passava a estar sujeita a inúmeros riscos.

De militante ecologista seguidora de Chico Mendes, fez carreira parlamentar, até chegar a Ministra do Meio Ambiente do governo Lula, onde aparecia como contraponto de formas de desenvolvimentismo que não respeitariam o meio ambiente. Nunca apresentou alternativas, assumiu posições perdedoras, porque passou ao preservacionismo, forma conservadora da ecologia, de naturalismo regressivo. Só poderia isolar-se e perder.

Saiu e incutiram na sua cabeça que teria condições de fazer carreira sozinha, com a bandeira supostamente transversal da ecologia. Saiu supostamente com críticas de esquerda ao governo, mas não se deu conta – pela visão despolitizada da realidade que tem – da forte e incontornável polarização entre o bloco dirigido por Lula e pelo PT e o bloco de centro direita, dirigido pelos tucanos. Caiu na mesma esparrela oportunista de Heloísa Helena de querer aparecer como “terceira via”, eqüidistante entre os dois blocos, ao invés de variante no bloco de esquerda.

Foi se aproximando do bloco de direita, seguindo as trilhas do Gabeira – que tinha aderido ao neoliberalismo tucano, ao se embasbacar com as privatizações, para ele símbolo da modernidade – e foi sendo recebida de braços abertos pela mídia, conforme a Dilma crescia e o fantasma da sua vitória no primeiro turno aumentava.

As alianças da Marina foram consolidando essa trajetória na direção do centro e da direita, não apenas com empresários supostamente ecologistas – parece que o critério do bom empresário é esse e não o tratamento dos seus trabalhadores, a exploração da força de trabalho – e autores de auto-ajuda do tipo Gianetti da Fonseca, ao mesmo tempo que recebia o apoio envergonhado de ecologistas históricos.

O episódio da tentativa golpista da mídia e do Serra é definidor. Qualquer um com um mínimo de discernimento político se dá conta do caráter golpista da tentativa de impugnação da candidatura da Dilma – diante da derrota iminente no primeiro turno – com acusações de responsabilidade da direção da campanha, sem nenhum fundamento. Ficava claro o objetivo, típico do golpismo histórico – que vinha da UDN, de Carlos Lacerda, da imprensa de direita e que hoje está encarnado no bloco tucano-demista, dirigido ideológica e política pela velha mídia.

Marina, ao invés de denunciar o golpismo, se somou a ele, tentando, de maneira oportunista, tirar vantagens eleitorais, dizendo coisas como “se a Dilma (sic) faz isso agora, vai saber o que faria no governo”. Afirmações que definitivamente a fazem cair no colo da direita e cancelam qualquer traço progressista que sua candidatura poderia ter até agora. Quem estiver ainda com ela, está fazendo o jogo da direita golpista, não há mais mal entendidos possíveis.

Termina assim a carreira política da Marina, que causa danos gravíssimos à causa ecológica, de que se vale para tentar carreira oportunista. Quando não se distingue onde está a direita, se termina fazendo o jogo dela contra a esquerda.

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