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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, setembro 09, 2010

Parabéns para nova vovó


Nossa candidata se tornou avó. Nasceu no Rio Grande do Sul seu primeiro neto, Gabriel,(clique na foto) às 6h41 desta quinta-feira, pesando 3,9 kg. A nova mamãe é Paula, filha única da Dilma.

Gostaríamos de convidar você a enviar uma mensagem para Dilma e sua família.

Clique aqui para dar os parabéns à nova vovó.

*amigosdopresidenteLula

Ao menino Gabriel

Gabriel, tu chegas com nome e alma de anjo a este mundo cheio de maldades e pecados, ante o qual, um dia, como ao arcanjo te batiza, te caberá tomar da espada e enfrentar. Vais te machucar , vais te ferir, vais ter momentos que engolirá tuas lágrimas para que elas não molhem teus pés e o façam escorregar do seu caminho. Vais, um dia, porém, ter um filho ou um neto que já não precise combater como tu e como nós que viemos antes de você.
Teus combates, porém não serão tão desiguais quanto os que foram e são os de tua mãe, os de tua avó e os de todos que antes dele suportaram o peso da espada flamejante da justiça e da liberdade.
Queria dizer a ti como à minha Maria Clara, o que Vinícius quis dizer ao escrever “menininha, não cresça mais não”. Mas não seria verdade e a verdade é a única bússola, é o único norte, a única e brilhante montanha que nos orienta ao caminhar em meio às desumanidades, às dores, ao sofrimento que vicejam como flores podres da maldade, da ganância, da falta de amor fraterno.
Queria a ti – como a toda criança rica, pobre, negra ou branca, que nasce neste país – trazer-te incenso e mirra, porque Gabriel, João, Maria e todas elas brotam anjos, a quem o mundo impiedosamente vai podando as asas e, às vezes, até o desejo de voar.
Só posso, porém, ajudar a dar-te o presente que sua avó procura dar a ti e a todos que desabrocham nesses dias de suas mães em botão. Você e eles são novas cintilações no universo, mas também serão homens e mulheres que um dia olharão o céu e terão desejo de tocar numa estrela. Não importa que a distância seja impossível, que tuas mãos sejam incapazes de tocá-las. O imprescindível , Gabriel é que teu espírito as busque e teus joelhos não toquem o chão senão por assombro. Que tu nunca aceites as grades de que um homem é feito pra esquecer de voar, como verso de Francis Hime.
Nem eu e nem você temos ou teremos idéia das dores que os que vieram antes de nós suportaram em nome da vida e em nome de um futuro onde eles não estarão, mas onde você os josés, os joões e a minha Clarinha habitarão.
Tu e eles compensam, hoje, em décuplo, choros, dores, angústias, medo, injustiças e brutalidades sofridas. Porque ao te colocarem no colo, tu não pesarás, tu aliviarás nossos pesos. Porque teu aparecimento não nos lembra a nossa própria finitude, mas a continuidade.
O nascimento é a única imortalidade que a alma humana consegue conceber, pois significa que há mais alguém, que há muitos alguéns, para conduzir o sonho que tantas vezes ficou mais forte dos que as nossas costas podem suportar.
Vai, guri, com teu nome de Gabriel, aquele que vela o sono divino, cumprir tua primeira missão. Que sejas, com teus risos e choro de bebê, o alento de que precisa e que merece tua avó combatente. Tu não sabes o quanto ela precisa dele, nos embates finais da batalha em que em que ela lidera o povo brasileiro. Não tens consciência disso, mas um dia ela te dirá.
É da vida que brota a vida, é da escuridão que brota a luz, é de ti Gabriel, João, José, Maria Clara que nos vêm a força para enfrentarmos o nosso destino.
Bem-vindo Gabriel! Tu és mais um entre milhões de meninos e meninas deste país pelos quais nem precisamos jurar que iremos lutar. Porque essa luta, como estavas tu até ontem, está nas nossas próprias entranhas e como fizeste tu, hoje, sai de lá com a forma, um nome e a pureza de anjo que tu tens.

*Tijolaço

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