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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, setembro 09, 2010

Serra, o hipócrita

Brizola Neto, do Tijolaço


Por recomendação de comentaristas, fui atrás de um vídeo publicado pelo Luís Nassif que mostra quanto de hipocrisia e exploração eleitoral está por trás na “indignação” de Serra e da mídia com o vazamento de informações sigilosas sobre os tucanos. E, de fato, está lá, numa reportagem especial do SBT, em outubro de 2009, que se comprava nas ruas de São Paulo informações sobre milhares ou milhões de pessoas, inclusive, nas palavras dele, sua mulher e seus filhos. O mesmo foi feito com o presidente Lula, D. Marisa, seus filhos, o ministro da Fazenda, Guido Mântega, o então ministro da justiça, Tarso Genro e muitas outros servidores, inclusive da alta cúpula da secretaria de segurança de São Paulo. Informações que deveriam ser mantidas secretas por vários órgãos, inclusive a própria PM, que confirma que foram violados cadastros internos da corporação a que ninguém de fora teria acesso.

Uma prova de que atividades criminosas, sem qualquer aparente vinculação política e eleitoral, embora sejam graves e devam ser profundamente investigadas e punidas, já aconteciam, inclusive dentro do que era responsabilidade do Governo paulista, então commendado por… José Serra, que fala sobre o problema sem 1% do furor com que fala agora.

*estadoanarquista

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