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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, setembro 05, 2010

Seja bem-vinda à Liberdade, Turquia!








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Brasil De Fato – [Dafne Melo] pelo Diário da Liberdade:

O país, que era visto como um aliado do imperialismo europeu e estadunidense na região, apoiando inclusive Israel, tem repensando sua política externa nos últimos anos

Numa posição geográfica estratégica, entre a Europa e o Oriente Médio, a Turquia, país muçulmano, tem, nos últimos anos, voltado a fazer parte da comunidade árabe. “Em parte, essa aproximação se dá porque ela não tem visto muito futuro em suas relações com a Europa”, explica Paulo Hilu, professor do Departamento de Antropologia da UFF.

O país, que era visto como um aliado do imperialismo europeu e estadunidense na região, apoiando inclusive Israel, tem repensando sua política externa nos últimos anos. O apoio, ao lado do Brasil, ao desenvolvimento de tecnologia nuclear por parte do Irã, o envio da Flotilha da Liberdade à Faixa de Gaza no fim de maio e a posterior condenação ao ataque de Israel são exemplos. O país também condenou a operação Chumbo Grosso, como ficou conhecido o massacre à população palestina em Gaza no fim de 2008 e início de 2009.

“A Turquia tem se distanciado de Israel, pôs fim aos treinamentos militares conjuntos, por exemplo. No Fórum de Davos, ano passado, o premiê turco [Recep Tayyip Erdogan] saiu de uma mesa após uma discussão com o presidente israelense, Shimon Peres, sobre o ataque a Gaza”. Na ocasião, Erdogan disse a Peres “você está matando gente”, e foi cortado por um moderador.

Para Arlene Clemesha, da USP, a Turquia, que possui o segundo maior exército da Otan, ainda é uma aliada e não irá se alinhar totalmente ao Irã, mas pode ser um fator de desequilíbrio dependendo de sua posição. “A Turquia tem tido uma postura crítica sobre algo que de fato é totalmente criticável. Antes podia até discordar, mas não tinha força para se colocar. Agora tem”, conclui.

*estadoanarquista

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