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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, setembro 15, 2010

usa vende o que tem instrumentos de morte em massa






Os pesos e as medidas da “pax” americana

No último debate, o candidato José Serra tentou fazer uma provocação – e se deu mal, aliás – com Dilma Rousseff intrigando o fato de o Brasil ter relações político comerciais com o Irã, um país que condena mulheres à pena de morte. Não vai aqui nenhuma defesa da aplicação de uma pena capital, da qual discordo seja para homens ou mulheres, seja por que método for.

Mas há uma notícia ontem, nos jornais de todo o mundo – não a li nos brasileiros – que expõe muito bem a contradição da política ocidental em relação ao mundo árabe e evidencia que este caso do Irã só tem uma diferença de outros: o país não ser um aliado dos EUA.

Querem ver? Ontem, o Wall Street Journal noticiou que o Governo dos EUA vai enviar ao Congresso a proposta de um acordo para vender à Arábia Saudita nada menos que US$ 60 bilhões em armamento, incluindo helicópteros de ataque Apache(foto), de assalto Black Hawk e caças F-15. Será a maior venda de armas alguma vez realizada e as informações é que o “pacote” será ampliado com ofertas a outros aliados americanos no Oriente Médio, como o Kuwait, Omã e Emirados Árabes.

Mas a Arábia Saudita é uma democracia? Não. É uma monarquia onde, ao contrário do Irã, não há partidos políticos nem eleições, ou melhor, só eleições municipais e , assim mesmo, pela primeira vez em 2005 e sob intensas denúncias de fraude.

E a Arábia Saudita respeita os direitos humanos? Não, ela não apenas tem e aplica a pena de morte, como possui um sistema legal saudita prescreve pena de morte ou castigo físico, incluindo amputação das mãos e dos pés para certos crimes, como assassinato, roubo, estupro, contrabando de drogas, atividade homossexual e adultério.

Em 2008, uma mulher, Fawza Falih, foi condenada à morte por “bruxaria” e o caso foi parar até na Folha de S. Paulo.

Infelizmente, a imprensa brasileira e, até, a mundial, não achou isso escandaloso. Como Serra e a mídia brasileira acham normal – e é – que a Arábia Saudita seja um dos maiores parceiros comerciais do Brasil no mundo árabe.

E acham normal, numa região conflagrada e belicosa como o Oriente Médio, uma operação de venda de armas, dez vezes maior que o nosso programa de reequipampento aéreo, podendo chegar a muito mais que isso se considerados os demais “aliados” dos EUA na região?

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Não temos nada a ver com as relações entre dois estados soberanos, como os EUA e a Arábia Saudita. Mas temos tudo a ver, no cenário mundial, com um programa de paz que seja equilibrado, sem exigir que um lado se desarme enquanto o outro é cevado com armamento pesado, embora de 2ª geração, porque o melhor, mesmo, os EUA não dão, não vendem e não emprestam.


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*Tijolaço

DIREITOS HUMANOS

Sanguessugado do redecastorphoto

Laerte Braga*

O governo do Irã decidiu suspender a condenação de Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos, acusada de cúmplice em homicídio e adultério. Sakineh, segundo as leis islâmicas, seria apedrejada até a morte. Ao informar que Sakineh não será apedrejada o governo iraniano afirmou também que o processo será revisto, mas não exclui a pena de morte e uma nova forma de execução. O enforcamento.

Cerca de trinta mil pessoas estão presas sem julgamento e processo ordinário nas prisões do Iraque. A ANISTIA INTERNACIONAL denunciou que as confissões são arrancadas através de tortura e acusou as forças militares e policiais dos Estados Unidos como sendo as responsáveis por essa situação.

Malcolm Smart, diretor da ANISTIA INTERNACIONAL para o Oriente Médio fez a denúncia em Londres e apresentou um relatório de cinqüenta e seis páginas sobre o assunto. Fala de prisões arbitrárias, estupros, tortura, desaparecimento de presos e conta a história de Ryad Mohamed Saleh al-Uqabi, preso em setembro de 2009.

Foi espancado durante seu interrogatório e a violência chegou a tal ordem que causou fratura em costelas e danos ao seu fígado. Morreu em 12 ou 13 de fevereiro e a causa foi hemorragia interna. A família recebeu o corpo semanas depois e uma certidão de óbito que apresentava como causa mortis “parada cardíaca”.

“Estupros, ameaças de estupros com golpes dados com cabos ou com tubos, descargas elétricas, unhas dos pés arrancadas com pinças e mutilações com furadeiras” são formas de tortura costumeiras nas prisões iraquianas, relata o documento da ANISTIA INTERNACIONAL.

A organização denuncia que os norte-americanos ao se retirarem do país transferiram milhares de presos sob sua custódia para as autoridades policiais e militares do governo daquele país, sem qualquer garantia que seus direitos elementares serão respeitados.

Teresa Lewis, de 40 anos, será executada no dia 23 de setembro numa penitenciária no estado norte-americano da Virgínia, acusada de tramar o assassinato do marido e do enteado. Teresa Lewis planejou a morte dos dois para receber uma apólice de seguro no valor de 250 mil dólares.

Há pouco mais de um ano organizações norte-americanas de direitos humanos trouxeram a público um relatório afirmando que cerca de 10% dos presos condenados à morte nos vários estados onde a pena ainda consta do código penal eram inocentes. Exames de DNA feitos após a execução – não disponíveis à época das condenações – provaram a afirmação.

Soldados de uma empresa contratada pelo governo dos EUA para recrutar, treinar e dirigir operações de guerra no Iraque e no Afeganistão (terceirização das forças armadas) foram mostrados a todo o mundo regozijando-se com a morte de civis iraquianos acusados de ajudar uma pessoa em dificuldades – “matamos todos os bastardos”.

http://video.google.com/videoplay?docid=-1269299404143213531#

Uma das séries de maior audiência na tevê dos EUA, num dos seus episódios, exibe um mexicano de 12 anos recrutado pelo tráfico de drogas que afirma aos policiais que o interrogam que “é tudo como se fosse vídeo game, mas que a realidade dá uma sensação maior de prazer”. A série é LAW AND ORDER.

O jornalista brasileiro Paulo Francis, em artigo publicado no jornal ESTADO DE SÃO PAULO, pouco antes de sua morte, afirmou que os jovens nos EUA crescem “aprendendo a matar seres verdes nas telas de computadores e jogos de vídeo e depois matam pilotando aviões onde o alvo é visto em telas semelhantes”. Francis morava nos EUA e não era (chegou a ser durante um período) um jornalista de esquerda.

Chamou esse tipo de fato como “morte limpa”.

Os Estados Unidos não subscreveram o tratado internacional que permite a prisão e julgamento de criminosos de guerra em qualquer parte do mundo. Nos acordos militares que assinam com suas colônias (Colômbia, por exemplo), impõem ao governo local cláusulas de exclusão desse item. Direitos Humanos, crimes de guerra. Exigem imunidade para a barbárie.

George Bush, antecessor de Obama, em seguida ao 11 de setembro, assinou o ATO PATRIÓTICO (Patriotic Act). Permite a tortura para obter confissões em nome dos interesses de seu país, prisões sem mandados judiciais ou flagrantes e transformou a base de Guantánamo, território cubano ocupado, em campo de concentração.

O site – Wikileaks - (ver sobre o assunto em: Editorial da redecastorphoto de 26 de julho de 2010) revelou no mês de julho passado mais de 92 mil documentos secretos da guerra do Afeganistão. Mostra o caráter brutal das operações militares de norte-americanos, a privatização dos serviços de inteligência e operações militares entregues a grandes corporações e até assassinatos seletivos de “inimigos”. A maior parte das operações sujas no Ocidente é realizada por agentes do estado de Israel, o MOSSAD.

Israel, ao contrário de Grã Bretanha, Alemanha, Itália, Colômbia, Paquistão, não é necessariamente, nem de longe, uma colônia dos EUA. É uma espécie de matriz dois.

Faz parte da corporação EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

Osama bin Laden foi armado pelos norte-americanos para lutar contra a ocupação soviética no Afeganistão. Como Saddam Hussein, que recebeu armas químicas e biológicas para enfrentar o Irã numa guerra onde morreram mais de um milhão de pessoas.

Barack Obama é um presidente imobilizado pelas grandes corporações que transformaram os EUA numa mega empresa terrorista a partir do governo de George Bush, retomando um projeto iniciado com Ronald Reagan e parcialmente interrompido no período de Bill Clinton. Só parcialmente.

Admitiu que as privatizações e terceirizações dos serviços militar e inteligência custam demasiadamente caro ao contribuinte dos EUA, não correspondem às expectativas, mas que só conseguirá anular 7% dos contratos firmados nessa direção pelo governo anterior. Isso nos seus dois anos de governo que ainda restam.

Neste momento as perspectivas que venha a ser reeleito são mínimas. Mostra-se fraco diante do desafio imposto por corporações e Partido Republicano. Um governo paralelo controla os setores essenciais dos EUA.

As mais de 700 bases militares norte-americanas espalhadas pelo planeta, muitas delas (na Europa), com armas nucleares, asseguram aos Estados Unidos o controle absoluto de todo o mundo e geram a ameaça constante de uma guerra nuclear. É importante não se esquecer que norte-americanos foram os únicos até hoje a fazer uso desse tipo de arma (Hiroshima e Nagasaki).

E tampouco as declarações de George Bush quando da invasão do Iraque. “Se necessário usaremos armas nucleares de pequeno porte”. Mas terrível poder de destruição.

Um pastor norte-americano incitou cidadãos de seu país a queimar o Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos. Cedeu aos apelos do presidente Obama e desistiu da idéia. Seus seguidores não. Exemplares do Alcorão foram queimados em frente à Casa Branca e em várias partes do conglomerado terrorista, antiga nação.

O cerco a Gaza mata crianças, homens e mulheres palestinos. É uma prática selvagem de terroristas de Israel. Roubam terras palestinas, saqueiam riquezas, prendem, torturam, estupram mulheres, crianças, assassinam e dispõem de armas nucleares.

Mas, no fim de tudo isso, a culpa é do Irã.

É claro que apedrejamento é selvageria pura. Que a pena de morte é uma boçalidade.

Teresa Lewis, a condenada a ser executada na Virgínia, em setembro, em seu último dia de vida terá direito a escolher seu prato preferido para sua última refeição, a assistência de um religioso e alguns privilégios tais como marca de cigarros preferida (se for fumante).

Sua sentença será executada através de uma injeção letal depois que seus cabelos forem raspados e por exigência da lei será assistida por testemunhas voluntárias ou selecionadas pelas autoridades. A família das vítimas tem direitos prioritários na platéia.

A boçalidade é só uma questão de forma. Apedrejamento ou injeção letal?

Na essência são iguais.

Os presos assassinados pela ditadura militar no Brasil (1964/1984) eram desovados nas ruas de São Paulo por caminhões do jornal FOLHA DE SÃO PAULO. Em seguida entregues às famílias em caixões lacrados, com a proibição de serem abertos. Os atestados dos óbitos falavam em “mortes por atropelamento, fraturas múltiplas, concussão cerebral, etc, etc”.

É o modelo cristão, ocidental e capitalista.

E Satã nasceu em Teerã. Os “anjos” chegam de Washington nos aviões das grandes corporações do complexo EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.

Despejam bombas de toneladas de democracia e espírito cristão.

*Texto elaborado para o Diário da Liberdade

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