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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, setembro 15, 2010

Petrobras Libra




O que a imprensa não cava

Só um jornal deu primeira página, hoje, para o anúncio da – vou transcrever o Estadão – “maior descoberta mundial de petróleo dos últimos 20 anos”, a reserva de Libra, que pode conter 8 bilhões de barris de petróleo, mais que o poço gigante de Tupi, o maior da camada pré-sal.

Libra, sozinha, pode ser uma jazida igual a tudo o que o nosso país possuía em 2001. Pode, junto com Tupi, representar o aumento em 100% de nossas reservas.

Não é notícia, aqui, mas a agência Reuters dedicou a isso uma grande matéria, destacando que o novo poço já será explorado dentro do novo marco regulatório do pré-sal, onde a Petrobras será necessariamente a operadora e ganhará o direito, na licitação, quem oferecer à União a maior parcela do petróleo extraído.

A exploração terá, também, um conteúdo nacional de 60 a 65%. Isso significa uma imensa massa de produção, que vai de plataformas a pequenos componentes da atividade de perfuração e extração.

A tudo isso, a turma do Serra se opôs violentamente no Congresso, inclusive com a tentativa desmoralizar a Petrobras, com métodos que chegaram, inclusive, à quebra ilegal do sigilo fiscal de seus diretores.

Nossa imprensa ignora solenemente este grande momento do país. Sua capacidade de perfuração é apenas para extrair escândalos, mesmo que para isso tenha de injetar lama na campanha eleitoral.

*Tijolaço

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