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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, dezembro 02, 2011

Deputado pedirá ao TCE investigação sobre prédios da USP fora do campus

Além de afastar a administração da USP dos movimentos sociais da Universidade, Rodas e sua gangue querem também faturar uma graninha, bem ao estilo tucano.

O deputado estadual Carlos Giannazzi (PSOL) promete entrar na terça-feira, 6, com representação no Tribunal de Contas do Estado (TCE) pedindo investigação sobre as aquisições de imóveis feitas pela USP durante a gestão do reitor João Grandino Rodas. A USP disse ontem ao Estadão.edu que vai investir R$ 4 milhões para construir um prédio de 16 andares no centro de São Paulo, num terreno comprado em abril, por R$ 7,4 milhões, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp).



Projeto é construir prédio de 16 andares na Consolação, 268 - Reprodução/CondephaatO futuro prédio, na Rua da Consolação, deve abrigar escritórios da Procuradoria da USP, a sede da superintendência jurídica, e a loja central e a sede da Editora da USP. "É uma afronta ao orçamento da universidade", disse o deputado. "A impressão é de que está sobrando dinheiro."
Na opinião de Giannazzi, a reitoria deve se concentrar em atender às demandas dos estudantes, mas tem preferido gastar com a burocracia. "A guarda universitária está sucateada e é preciso investir no Crusp (moradia universitária), em iluminação, em unidades de ensino."
O deputado já protocolou requisições para que Rodas compareça às Comissões de Direitos Humanos, Educação e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa - na última, segundo Giannazzi, por ter mandado cortar 1.300 árvores no câmpus. Ele também protocolou uma representação no Ministério Público. "Rodas deve ser investigado e punido. Ele tinha que construir dentro do câmpus."
'Preço fora da realidade'. Segundo o especialista Eduardo Della Manna, arquiteto e sócio-diretor da empresa PPU, o preço de R$ 4 milhões para o prédio de 16 andares, anunciado pela universidade, está "completamente fora da realidade". Calculando um preço de construção de R$ 1.500 o metro quadrado - "um prédio de escritórios com ar-condicionado, piso elevado, cabeamento, forro, mas nada de muito luxo", afirma - o edifício custaria entre R$ 12 e R$ 24 milhões, dependendo do tamanho. O terreno tem cerca de 2.300 metros quadrados.
Procurada, a Assessoria de Imprensa da USP não se manifestou.
História. Este não é o primeiro imóvel adquirido na gestão de Rodas. Em março, o anúncio da compra de imóveis pela USP no Centro Empresarial, zona sul, provocou protestos de funcionários do câmpus. A universidade informou que gastaria R$ 24,2 milhões na compra de imóveis para alojar servidores administrativos, transferidos do câmpus para escritórios no Centro Empresarial.
*Cappacete

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