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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, dezembro 01, 2011

Diretório do PT pede criação de CPI contra Kassab por caso Controlar


Partido diz que prefeito desrespeitou o motorista paulistano e pede nova licitação para o sistema
 
Daiene Cardoso - Agência Estado
SÃO PAULO - Em nota divulgada nesta quarta-feira, 30, a executiva municipal do PT anunciou o apoio à bancada do partido na Câmara dos Vereadores de São Paulo para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as irregularidades entre a prefeitura e a empresa Controlar apontadas pelo Ministério Público.
O partido, que faz oposição ao prefeito Gilberto Kassab, acusa a administração do PSD de desrespeitar os motoristas paulistanos que fazem a inspeção veicular. "Considerando da mais alta gravidade a situação apresentada, a executiva decidiu apoiar a iniciativa da Bancada do PT na Câmara Municipal de pedir uma CPI para apurar os fatos", diz a nota.
Os petistas criticam o "abuso de preço" cobrado dos motoristas, os quais se submetem à vistoria sem garantias "de um controle efetivo sobre a emissão de poluentes, finalidade única da inspeção veicular".
O diretório do PT defende também a revogação do contrato com a Controlar e a abertura de nova licitação para o serviço. Enquanto a situação não é definida, o partido propõe que as vistorias sejam suspensas.
Ontem, a base aliada do prefeito conseguiu barrar o pedido de instalação de uma CPI na Câmara. A oposição, capitaneada pelo PT, não conseguiu sequer convocar o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, para dar explicações aos vereadores. Eduardo Jorge foi um dos fundadores do PT e deixou o partido em 2003 para integrar o PV. O secretário e o prefeito tiveram os bens bloqueados pela Justiça.
Eleições. Essa é a primeira mobilização do diretório municipal contra o prefeito desde que o PT anunciou a pré-candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, à sucessão municipal. No anúncio da escolha de seu nome, Haddad deu indícios de que não pretende poupar a administração de Kassab na campanha de 2012.
"O sentimento da militância do PT é de mudança, e não de continuidade. O que caracteriza o partido quando ele se apresenta à cidade como de oposição ou de situação é isso: o sentimento de continuidade ou de mudança. As coisas precisam mudar em São Paulo", avisou o petista.

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