Os bispos holandeses afirmaram nesta sexta-feira que lamentam e pedem desculpas sinceras às vítimas de abusos sexuais cometidos por membros do clero, depois da publicação de um relatório que assinala milhares de vítimas desse crime.
"Lamentamos os abusos", indicaram os bispos em um comunicado. "Compadecemo-nos das vítimas e apresentamos a elas nossas sinceras desculpas", acrescentaram.
Milhares de menores foram abusados sexualmente na Igreja católica holandesa entre 1945 e 2010, e 800 supostos autores foram identificados, afirmou nesta sexta-feira uma comissão investigadora independente ao apresentar seu informe final.
"Várias dezenas de milhares de menores enfrentaram formas leves, graves ou muito graves de condutas sexuais que ultrapassavam os limites entre 1945 e 2010 na Igreja católica holandesa", indicou um comunicado da comissão, cuja investigação teve início no dia 24 de agosto.
"Sobre a base de 1.795 casos, a comissão pôde encontrar os nomes de 800 autores de abusos sexuais que trabalham ou trabalharam para os arcebispados", indicou o informe da comissão.
"Destas 800 pessoas, ao menos 105 continuam vivas", acrescentou o informe.
"O problema dos abusos sexuais era conhecido pelas ordens (religiosas) e pelas dioceses da Igreja católica holandesa", indicou o informe da comissão.
"Mas não foram realizadas ações adequadas" para impedir isso, acrescentou o informe da comissão Deetman.
A comissão Deetman, presidida pelo ex-ministro Wim Deetman, também é integrada por um juiz, um psicólogo e três professores universitários.
No dia 9 de março de 2010, a conferência episcopal holandesa havia expressado seu desejo de que fosse realizada uma investigação "ampla, externa e independente" sobre os abusos sexuais cometidos por membros do clero.
Papa Bento XVI é denunciado ao tribunal de Haia por vítimas de pedofilia
Vítimas de padres pedófilos denunciam autoridade máxima da Igreja Católica em tribunal internacional por acobertar crimes sexuais contra crianças de todo o mundo
Uma associação norte-americana de vítimas de padres pedófilos anunciou nesta terça-feira (13) ter apresentado queixa ante o Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o papa Bento XVI e outros dirigentes da Igreja Católica por crimes contra a humanidade.
Os dirigentes da associação SNAP, orientados pelos advogados da ONG norte-americana "Centro para Direitos Constitucionais", entraram com uma ação para que o papa seja julgado por "responsabilidade direta e superior por crimes contra a Humanidade, por estupro e outros casos de violência sexual cometidos em todo o mundo".
A organização acusa o chefe da Igreja Católica de "ter tolerado e ocultado sistematicamente os crimes sexuais contra crianças em todo o mundo".
Além do papa, foram acusados três cardeais que têm ou tiveram responsabilidades de primeiro plano na Cúria: o secretário de Estado e segundo da Santa Sé, o italiano Tarcisio Bertone, seu antecessor Angelo Sodano, também italiano, e o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o estadunidense William Levada, que sucedeu Joseph Ratzinger antes deste ser eleito papa, convertendo-se em Bento XVI.
À queixa acrescentaram 10 mil páginas de documentação de casos de pedofilia. Membros da SNAP provenientes de Estados Unidos, Alemanha, Holanda e Bélgica, quatro países muito afetados pelo grande escândalo de pedofilia que envolve a Igreja, foram a Haia pedir a abertura desse processo judicial contra o papa e seus assessores "por sua responsabilidade direta como superiores hierárquicos".
"Crimes contra dezenas de milhares de vítimas, a maioria crianças, foram escondidos pelos líderes nos mais altos níveis do Vaticano. Neste caso, todos os caminhos levam a Roma", declarou a advogada do grupo, Pamela Spees.
Os bispos e, em alguns casos, o próprio Vaticano rejeitaram ou ignoraram muitas das queixas das vítimas de padres pedófilos. O escândalo desacreditou a Igreja em vários países na Europa.
O papa Bento XVI expressou sua vergonha e pediu desculpas, apelando para a tolerância zero contra os pedófilos. Ele também pediu aos bispos do mundo, que têm a responsabilidade primária sobre seus sacerdotes, a plena cooperação com os tribunais criminais.
A SNAP não acredita nesse desejo de transparência e justiça, e não moderou suas acusações. Em função disso, a organização iniciou nesta terça-feira (13) uma campanha de informação que levará seus integrantes a Amsterdã, Bruxelas, Berlim, Paris, Viena, Londres, Dublin, Varsóvia, Madri e Roma, onde pretendem "levar a queixa às portas do Vaticano".
*comtextolivre
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