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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, fevereiro 17, 2012

América Latina é boia de salvação para bancos e multinacionais. Lá vai mais sangue de nossas veias abertas

Nokia, Colgate-Palmolive, Telefónica, Telecom Italia, Santander são alguns dos exemplos de multinacionais que têm na América Latina a boia de salvação para a crise que atravessam Europa e Estados Unidos. É o que informa reportagem da BBC.

América Latina pasó a ser una suerte de flotador de empresas multinacionales de varios rubros, desde los dentífricos hasta las finanzas, que logran en la región ganancias esquivas en otras partes, aun en sus países de origen.

Uno de los casos recientes más notorios ha sido el banco español Santander, que en 2011 tuvo un beneficio neto 35% menor al año anterior y por primera vez reunió en Latinoamérica más de la mitad de sus ganancias.


Os números de algumas empresas são semelhantes aos do Santander:

  • Colgate - no último trimestre de 2011, suas vendas caíram 11% na América do Norte, enquanto cresciam 14% na América Latina
  • Telecom Italia - queda em casa e aumento de quase 33% nos primeiros nove meses do ano passado
  • Telefónica - Também nos primeiros nove meses de 2011, viu seus negócios despencarem em 69% no resto do mundo, enquanto na América Latina cresciam 18%

Além dos baixos lucros (ou mesmo perdas) em seus países de origem, em oposição aos grandes lucros conseguidos por aqui, temos outras "vantagens", sempre segundo a reportagem da BBC:

Miguel de Oliveira, vicepresidente de la asociación de ejecutivos de finanzas, administración y contabilidad de Brasil, también sostuvo que el fenómeno está vinculado a las ventajas que las multinacionales encuentran en Latinoamérica.

"En Europa y Estados Unidos tienen controles más rigurosos contra abuso económico y un ambiente de mayor competencia: eso les impide a las empresas trabajar con márgenes de ganancias mayores", dijo Oliveira a BBC Mundo.

"Aquí los márgenes (de beneficios) son mayores también porque los precios son mayores", agregó.

Ou seja, nossa pouca competitividade e as vistas grossas que fazemos contra os abusos econômicos continuam drenando nosso sangue para deixar coradas e saudáveis as finanças de multinacionais e bancos, inclusive bancos brasileiros (mas os bancos... ah, eles merecem uma postagem à parte, não é, Itaú? Itaú lucra R$ 16,3 bilhões, demite mais de 7 mil, furta R$ 245 milhões de clientes do Rio e diz que é Feito para Você).
*Blogdomello

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