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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, fevereiro 14, 2012


 

Argentina aceita mediação da ONU em conflito sobre Malvinas


O governo argentino aceitou oficialmente a oferta de mediação da ONU para "coordenar uma solução pacífica" ao conflito entre Argentina e Reino Unido pela soberania das Ilhas Malvinas, informou nesta terça-feira a Chancelaria do país.
O chanceler argentino, Héctor Timerman, enviou ao presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Nassir Abdulaziz al-Nasser, uma carta na qual aceita sua "boa disposição" para coordenar uma "solução pacífica" entre seu país e o Reino Unido na questão das Ilhas Malvinas, aponta o comunicado.
Segundo a nota, "a Argentina aceita com o maior interesse e atenção as iniciativas e sugestões" que possam ser feitas pelo presidente da Assembleia para contribuir para a solução da polêmica, solicitando a transmissão da disposição argentina ao Reino Unido.
O anúncio do governo argentino coincide com a ameaça da Confederação Argentina de Trabalhadores do Transporte (CATT), que na segunda-feira antecipou que iria boicotar os navios de bandeira britânica que entrassem no país em protesto pelas "as pretensões militaristas dos ingleses".
A oferta de mediação das Nações Unidas veio à tona após ter recebido na última sexta-feira uma denúncia da Argentina contra o Reino Unido pela "militarização" das Malvinas e do Atlântico Sul, depois do envio ao arquipélago do destróier MS Dauntless, da Marinha britânica, e da chegada do príncipe William à região para uma instrução militar.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chamou ambas as partes a evitar uma "escalada de tensões" às vésperas do 30º aniversário do início da Guerra das Malvinas, disputada entre Argentina e Reino Unido e que deixou cerca de 900 mortos em 1982.
Nas últimas semanas, a Argentina aumentou suas gestões diplomáticas para somar adesões a sua postura sobre as Malvinas, apoiada até agora por seus vizinhos sul-americanos e os países da Alba (Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador, Nicarágua, São Vicente e Granadinas, Dominica, Antígua e Barbuda). 
*Terra

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